Inpe inaugura novo supercomputador para aprimorar previsão de tempo e clima

Foto: SECOM-INPE

Com apoio do MCTI, novo supercomputador integra o projeto Risc, que prevê a aquisição de outras máquinas, além da modernização do Centro de Dados do instituto

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), colocou em operação um novo supercomputador no seu Centro de Dados Científico, em Cachoeira Paulista (SP). A aquisição, financiada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), integra o projeto Renovação da Infraestrutura de Supercomputação (Risc), que prevê a instalação de mais três máquinas até 2028 e a modernização do data center do instituto.

O equipamento amplia significativamente a capacidade nacional de previsão do tempo e de modelagem climática, em um momento de crescente demanda por informações precisas diante da intensificação de eventos extremos.

Segundo Ivan Márcio Barbosa, coordenador de Infraestrutura de Dados e Supercomputação do Inpe, a nova máquina é a mais avançada do País para essa finalidade. “Em relação ao sistema anterior, o Tupã, o novo supercomputador tem uma capacidade de processamento de dados de cinco a seis vezes maior e cerca de 24 vezes mais armazenamento”, explica. Enquanto um computador doméstico possui um ou dois processadores, este possui 29 mil.

O supercomputador anterior, o Tupã, que será desativado em 2026, é capaz de realizar 300 trilhões de cálculos por segundo. O novo modelo, adquirido da HPE-Cray em setembro de 2024 e instalado em maio de 2025, consegue executar 1,6 quatrilhão de cálculos por segundo. “O equipamento precisa de muita memória, processadores potentes e discos rápidos para processar uma grande quantidade de dados e executar cálculos matemáticos complexos, o que melhora diretamente as previsões”, destacou Ivan.

IMPACTO IMEDIATO E FUTURO

O ganho de performance é tangível. A previsão do tempo para o dia seguinte, que atualmente leva três horas para ser processada, passará a ser feita em 10 a 15 minutos. “E com uma vantagem: vamos detalhar melhor a previsão. Podemos ter um número maior de atualizações ao longo do dia”, afirma o pesquisador Gilvan Sampaio.

Isso permitirá um nível de detalhamento inédito. Em cidades como São Paulo, por exemplo, o sistema poderá indicar com precisão de 1 km² onde e quando vai chovar, bairro por bairro, detalhando duração e intensidade – atualmente, a previsão cobre áreas de 49 km². Se estivesse em operação, o supercomputador poderia ter antecipado com mais precisão eventos extremos como os de São Sebastião (SP) e do Rio Grande do Sul.

Além das previsões de curto prazo, a máquina será crucial para aprimorar a previsão climática para os próximos 30 dias, estações, anos e décadas. “Diversos setores, como agricultura, energia e gestão de desastres, poderão antever melhor a ocorrência de eventos extremos”, complementa Gilvan Sampaio.

INVESTIMENTOS EM CT&I

O projeto Risc representa um investimento total de aproximadamente R$ 200 milhões. A iniciativa também inclui a modernização da infraestrutura elétrica, do sistema de refrigeração e a implementação de uma usina fotovoltaica, tornando o Centro de Dados mais eficiente e sustentável.

Este supercomputador se soma a outros grandes investimentos do MCTI no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O ministério terá R$ 12,1 bilhões no programa, com destaque para 2025, quando estão programados mais de R$ 2,4 bilhões em ações. Entre os projetos com recursos assegurados está um supercomputador para Inteligência Artificial, previsto no Plano Brasileiro de IA (Pbia), com valor de R$ 1,8 bilhão.

Conforme explicou a ministra Luciana Santos, o Novo PAC representa o desenvolvimento que o País busca, “com inclusão social, em bases sustentáveis, amparado pela ciência, tecnologia e inovação”. Além do supercomputador de IA, mais da metade dos recursos será aplicada em empreendimentos como o acelerador de partículas Sirius, o laboratório Orion e o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que somam cerca de R$ 6,5 bilhões.

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