Ato esvaziado a favor dos golpistas em Brasília atesta bolsonarismo em baixa

Ato bolsonarista em Brasília (reprodução)

Oradores esbravejaram contra o Congresso Nacional e repetiram a bajulação aos EUA

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participaram, nesta terça-feira (7), de uma caminhada pela impunidade dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado e nos atos criminosos do dia 8 de janeiro de 2023. Os grupos, em número bem menor do que em outras ocasiões, se concentraram no Complexo Cultural da República, em Brasília e caminharam até a Praça dos três Poderes.

O movimento foi patrocinado pelo pastor Silas Malafaia e contou com o esforço de convocação da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) – filho do ex-presidente – e outros parlamentares, como os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG), Hélio Lopes (PL-RJ), Alberto Fraga (PL-DF) e Joaquim Passarinho (PL-PA).

Assim como a manifestação na avenida Paulista, em São Paulo (SP), que estendeu uma bandeira gigante dos Estados Unidos, o ato pela impunidade dos golpistas em Brasília (DF), nesta terça-feira (7), contou com a presença de bandeiras americanas e de Israel e de inúmeras referências aos Estados Unidos.

Até pedido de socorro a Trump estava presente. Os participantes usavam desde camisetas com referência à Lei Magnitsky até uma com pedido de uma nova candidatura de Donald Trump à presidência.

Bajuladores pediram socorro a Trump (reprodução)

Comerciantes também vendiam bandeiras com as imagens de Bolsonaro e Trump lado a lado, sobre as bandeiras do Brasil e dos EUA, respectivamente. Os bajuladores de Trump acrescentaram a frase “O Brasil grande novamente”.

Tanto o ato na Paulista quanto o desta terça-feira reforçam que o bolsonarismo trabalha contra o Brasil e são serviçais do governo dos Estados Unidos. Não por acaso as manifestações dos grupos de Bolsonaro têm sido cada vez menores. Esse comportamento dos bolsonaristas é completamente diferente do de Lula, que quebrou a empáfia de Trump e forçou o presidente norte-americano a negociar com o Brasil.

O protesto acontece em um momento de enfraquecimento da proposta de impunidade, que eles chamam de anistia, na Câmara dos Deputados. O texto original, que previa perdão amplo para os condenados e investigados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro, perdeu força entre os parlamentares e passou a ser chamado de “PL da Dosimetria”.

O senador Flávio Bolsonaro, entretanto, tenta pintar uma outra realidade e disse em seu discurso no início da caminhada, que tem certeza de que o projeto de lei que concede anistia aos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro de 2023 será aprovado no Congresso. Ele afirmou que falava em nome do ex-presidente Jair Bolsonaro. A mensagem era para que os apoiadores da direita “não baixassem a cabeça”.

“E é essa a mensagem que o presidente Bolsonaro vai passar para cada um de vocês — e que eu posso falar em nome dele, sim. Assim como ele não baixou a cabeça, nós também não vamos baixar a nossa. Cada vez que eu vou lá, por mais cansado que eu esteja, eu volto animado. Saio de lá convicto, cheio de energia, para continuar lutando por esse Brasil, por cada um de vocês, pelos nossos filhos e pelas próximas gerações”, disse o senador, tentando animar a plateia.

Bandeiras de Israel (reprodução)

O pastor Malafaia discursou e xingou o relator do projeto de impunidade, deputado Paulinho da Força. Disse que “dosimetria é conversa fiada para boi dormir”. “Nós não somos bois. Dosimetria não é papel do Congresso. Papel do Congresso é conceder anistia”, reclamou o pastor porque a proposta defendida por ele e os demais fascistas está se esvaziando cada vez mais no Congresso. Principalmente depois que eles estenderam a bandeira dos EUA na Paulista.

Malafaia mostrou incômodo com os atos realizados pelos setores democráticos e os verdadeiros patriotas, que levaram milhões de pessoas às ruas em 21 de setembro. Ele disse que a caminhada é uma resposta a essas manifestações que contaram com a mobilização de diversos artistas. “Nós não podemos deixar a esquerda com a última palavra naquela palhaçada de artista de misturar temas, certo? Para enganar o povo. Então, no mínimo, vamos fazer uma caminhada”, afirmou Malafaia.

Já o senador Magno Malta tentou justificar o ato esvaziado. “Estamos aqui numa caminhada que foi pensada. Não foi uma conclamação nacional — foi uma caminhada para dizermos aos dois Poderes, à Câmara e ao Senado, e aos abutres que querem Jair Bolsonaro fora do processo político: o tempo de Deus para com Bolsonaro ainda não acabou. Nós não queremos dosimetria, porque dosimetria é coisa do Judiciário”, afirmou.

O senador Rogério Marinho, líder da Oposição no Senado, criticou o ato de 21 de setembro contra a impunidade e afirmou que a direita não precisa de artistas famosos em seus atos. “Quando nos reunimos, nós não precisamos de artistas famosos, nós não precisamos da Lei Rouanet. Nós não precisamos enganar ninguém, nós não precisamos de narrativas, mas precisamos apenas um senso de justiça”, disse Marinho, reconhecendo que os bolsonaristas estão cada vez mais isolados da sociedade.

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