Filho de Onyx trabalhou para entidade que roubou idosos, descobre CPI

Pietro e Onyx Lorenzoni (Foto: Reprodução - Redes sociais)

Onyx Lorenzoni (PP) foi ministro da Previdência do governo Bolsonaro. Seu filho, advogado, prestou serviços à Unibap, associação que faturou R$ 180 milhões e acumula condenações por descontos indevidos em aposentadorias e pensões

Pietro Lorenzoni, advogado e filho do ex-ministro da Previdência Onyx Lorenzoni (PP), prestou serviços à Unibap (União Brasileira de Aposentados da Previdência), uma das entidades investigadas pela CPMI do INSS por descontos irregulares em benefícios de aposentados e pensionistas.

A Unibap firmou acordo em abril de 2021, quando Onyx ainda chefiava a Secretaria-Geral da Presidência de Jair Bolsonaro (PL) — pouco antes de assumir o comando da Previdência.

O nome de Pietro aparece em documentos enviados pelo INSS à CPMI que apura o esquema revelado pelo portal Metrópoles.

O advogado afirmou que o escritório dele “prestava serviços em direito administrativo”, elaborando atas, ofícios e minutas a pedido de ex-professora.

CONDENAÇÕES E LUCRO DE R$ 180 MI

Sediada em Águas Claras (DF), a Unibap movimentou R$ 180 milhões com descontos sobre benefícios do INSS. A associação é alvo de diversas ações judiciais em Estados como São Paulo, onde aposentados afirmam nunca terem se filiado à entidade.

A CPMI e a CGU (Controladoria-Geral da União) quebraram o sigilo da Unibap, que vem sendo condenada a indenizar idosos por descontos indevidos.

Em alguns processos, fichas de filiação apresentadas trazem assinaturas contestadas, e a entidade tem se recusado a pagar perícias para comprovar a autenticidade dessas.

LIGAÇÃO COM EMPRESÁRIOS

Embora presidida por aposentado, a Unibap é controlada, segundo a CPMI, por empresários do setor de clubes de benefícios — Gutemberg Tito e Zacarias Canuto Sobrinho. Ambos já foram diretores estatutários da associação e respondem a processos por práticas semelhantes.

Pietro afirmou que não participava de reuniões da entidade e limitava-se a propor minutas e ofícios. Disse, ainda, que o vínculo profissional terminou em junho de 2023.

Durante fiscalização da CGU, auditores constataram que a Unibap vendia pacotes de benefícios e mantinha documentos de filiação em uma storage — armazenamento particular — em São Paulo. Nenhum comprovante foi apresentado.

FILIAÇÕES FALSAS E NOVOS NOMES

Entrevistas da CGU com aposentados apontaram que todos negaram ter assinado contrato com a Unibap. Em processo interno do INSS, a associação anexou por engano fichas de filiação de outra entidade, a Abenprev, hoje rebatizada de Ampaben — que também é investigada e que faturou R$ 83 milhões com descontos indevidos.

A presidente da Unibap chegou a pedir autorização ao INSS para realizar filiações por telefone, prática proibida por lei.

Há indícios de que gravações usadas por entidades para comprovar adesões foram editadas para simular consentimento dos aposentados.

CONEXÕES

Atualmente, Pietro Lorenzoni representa associações ligadas ao lobby das casas de apostas em Brasília e já foi contratado pelo PL (Partido Liberal) por R$ 200 mil, segundo dados do TSE.

Seu pai, Onyx Lorenzoni, foi convocado a depor na CPMI do INSS, após ter recebido R$ 60 mil de um dos investigados no esquema, o ex-presidente da ABCB (Amar Brasil Clube de Benefícios), também sob investigação da PF (Polícia Federal).

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