Logo após o anúncio do cessar-fogo com o Hamas na quinta-feira, 9, soldados da ocupação israelense iniciaram uma onda de incêndios contra casas, infraestruturas e suprimentos de alimentos em Gaza.
Os incêndios criminosos da infraestrutura e habitações civis por soldados que estavam usando os lugares como bases de operações temporárias, segundo artigo do do site de notícias Drop Site News, fazem parte do que se tornou praxe para o exército israelense durante esses dois anos de genocídio: destruírem tudo após o uso, para deixar aos palestinos terra arrasada, com sua retirada de Gaza.
“Toda casa árabe que entramos tinha azeite. Nós derramamos o óleo sobre os sofás, em qualquer coisa inflamável no apartamento, e então acendemos ou jogamos uma granada de fumaça. Esta era uma prática comum,” disse um dos soldados entrevistados em julho pelo jornalista israelense Yuval Abraham.
O Drop Site News identificou membros do exército israelense de várias brigadas diferentes, como as Brigadas Golani, Givati, Nahal e a recém-formada ultra-ortodoxa Brigada Hashmonaim, como autores dos incêndios. Eles postaram diversas fotos e vídeos entre a noite de 9 de outubro até sexta-feira, enquanto se retiravam da Cidade de Gaza em direção à “linha amarela”, definida no acordo de cessar-fogo.

“Na sexta-feira, pouco antes da partida. Queimar comida para que não chegue aos moradores de Gaza. Que seus nomes sejam apagados,” postou, em hebraico, um soldado israelense da Brigada Kfir. Na foto, um soldado de pé diante de entulho em chamas.
“Toques finais”, postou outro soldado comemorando seu mais recente crime contra civis palestinos. Segundo o artigo do Drop Site, esses incêndios perpetrados foram os mais amplos registrados pelo site desde o início do genocídio. Entre o anúncio do cessar-fogo até sua aprovação pelo gabinete de Israel.
“Foi breve, mas de alta qualidade, vamos voltar”, postou outro soldado israelense, imitando uma avaliação de estadia em um hotel. As casas queimadas eram as únicas que estavam inicialmente intactas, pelo seu uso por militares de Israel. Quase 80% dos edifícios em Gaza foram destruídos.

Uma das infraestruturas atingidas, a Estação de Tratamento de Esgoto Sheikh Ajlin, fundamental para a rede de tratamento de água na Cidade de Gaza. “Uma última lembrança”, postou um soldado com a foto da planta de saneamento com soldados de Israel posando em frente.
Monther Shoblaq, diretor-geral da Municípios Costeiros Utilitário da Água em Gaza, disse que a destruição da estação vai atrasar em anos a reconstrução do sistema de águas residuais e que era um dos mais antigos de Gaza.
O esforço de Israel de tornar a Faixa de Gaza inabitável para palestinos é evidente. Em setembro, a ministra da Ciência e Tecnologia de Israel, Gila Gamliel, comemorou a destruição de Gaza em uma entrevista para o Channel 7 News: “Já aniquilamos completamente 75% de toda a Faixa de Gaza”.
PALESTINOS SEQUESTRADOS POR ISRAEL SÃO FORÇADOS AO EXÍLIO
Famílias que estavam aguardando a soltura de palestinos aprisionados por Israel ficaram desconsoladas ao descobrirem que 154 presos são deportados assim que saírem da prisão.
No total foram libertados 250 palestinos condenados a prisão perpétua pelos tribunais israelenses da ocupação e 1.700 palestinos sequestrados na Faixa de Gaza durante os dois anos de genocídio.