Uma multidão se reuniu na principal cidade da Cisjordânia, Ramallah para receber com festa, aplauso e abraços a chegada dos prisioneiros palestinos até aqui condenados à prisão perpétua por suas ações de Resistência à ocupação ilegal e opressiva dos territórios palestinos desde 1967 e contra a negação dos direitos humanos e políticos do povo palestino desde 1948.
Também na Faixa de Gaza a recepção festiva saúda a chegada dos 1.700 prisioneiros palestinos que foram sequestrados para as prisões israelenses desde 8 de outubro de 2023 até agora.
Nas masmorras de Israel há em torno de 11.000 presos políticos palestinos, parte deles sem julgamento ou mesmo acusação formal dentro da legislação colonial que “permite” ao ocupante realizar as chamadas “prisões administrativas”, legislação herdada da ocupação britânica da Palestina e mantida pelo regime de apartheid israelense desde 1948.
Na véspera da libertação dos palestinos, o enviado de Trump levou duas sonoras vaias ao mencionar e ao repetir o nome de Netanyahu diante de uma multidão de em torno de meio milhão de israelenses reunidos na Praça dos Reféns em Tel Aviv que saudavam o acordo que agora permite a libertação de 20 israelenses mantidos presos em Gaza como garantia da troca por presos palestinos.
Apesar da insistência dos negociadores indicados pelo Hamas para a inclusão do que é considerado o Nelson Mandela palestino, Marwan Barghouti, a mais respeitada liderança palestina que entrou para as fileiras do partido Fatah, de Yasser Arafat, aos 15 anos de idade e se tornou presidente do Fatah na Cisjordânia ocupada, assim como comandou ações do braço armado do Fatah, as Brigadas Tanzim, sua libertação foi negada pelo regime fascista de Netanyahu..
Marwan Barghouti é a personalidade palestina capaz de unificar todo o movimento palestino em torno da libertação e construção do Estado da Palestina como já reconhecem 80% dos Estados membros da ONU.
A não libertação de Barghouti demonstra que o regime israelense não quer chegar a um acordo de paz com a autoridade palestina e quer seguir oprimindo o povo palestino, fator central do conflito com base no extermínio dos palestinos perpetrado ao longo de décadas desde a implantação de Israel em terras assaltadas aos palestinos (que inclui agora a devastação de Gaza, assim como a destruição de mais de 500 aldeias e cidades palestinas em 1948, para a construção de cidades e kibutzim de maioria judaica na inauguração do apartheid israelense).
Também é demonstrativo claro da opção por anexação da Palestina ocupada, a retirada forçada do parlamentar árabe, Ayman Odeh, do parlamento israelense, o Knesset, quando o deputado interrompeu o discurso de Trump para destacar o estabelecimento do Estado da Palestina, da mesma forma que retiraram à força o também deputado israelense, judeu, do Partido Comunista, Haddash, Offer Cassif, que fez igual demanda.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, já está na cidade egípcia de Sharm El Sheikh para a cúpula que vai iniciar as discussões sobre a formação de um governo palestino em Gaza, abrindo passo para a reconstrução da área devastada por Israel e para os primeiros movimentos rumo ao estabelecimento do Estado da Palestina. Sabemos que, com a cumplicidade de Trump e seu agora pau mandado na região, Tony Blair, na opressão do povo palestino, enviando enxurrada de armamentos para o genocídio, esta meta baseada nos inalienáveis direitos do povo palestino ainda vai demandar muitas jornadas de luta.
Em Israel, a chegada dos 20 detidos em Gaza é celebrada em Tel Aviv. Durante os meses que se seguiram à captura dos israelenses, os parentes, amigos e ativistas pelo cessar-fogo que lotaram as ruas de Israel semana após semana durante dois anos, acusaram Netanyahu de sabotar entendimentos que possibilitariam o retorno dos reféns a seus familiares para prosseguir no seu horrendo genocídio de devastação de Gaza.