Focus reduz inflação e juros reais seguem subindo

Sede do BC em Brasília ao fundo. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Projeção cai para 4,72%. Selic continua nas alturas por tempo prolongado

Os bancos voltaram a cortar as projeções de inflação, que caiu de 4,80% para 4,72%, mas não tocam na Selic (taxa básica de juros) esperada, que permanece nos proibitivos 15% ao ano. Os dados são do Relatório Focus, de responsabilidade do Banco Central (BC), e foram divulgados nesta segunda-feira (13). 

Com o novo corte na inflação esperada para 12 meses e o nível da Selic permanecendo em 15%, o juro real (leia-se: o lucro real do banqueiro com as operações de empréstimos, aplicações financeiras etc.) é de 10,28% ao ano. 

Enquanto os bancos enchem as burras de dinheiro sem produzir um parafuso, o crescimento da economia desacelera prejudicado pelo desestimulo que os juros altos do BC causam contra os investimentos por empresas produtivas e do Estado, e no consumo de bens e serviços pelas famílias.

A projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro deste ano é de 2,16%, o que é bem abaixo dos dois anos anteriores (de 3,4% em 2024 e de 3,2% em 2023).  

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, destacou na última semana que  “é inadmissível que o Brasil tenha de aceitar com normalidade uma taxa básica de juros a 15% ao ano diante de uma inflação em torno de 5% (IPCA)”.

“Um dos maiores absurdos econômicos do mundo contemporâneo”, critica o empresário.  “Mais grave ainda: a inflação em maio e junho, quando anualizada, ficou abaixo do centro da meta. Além disso, as expectativas de inflação vêm caindo e já estão dentro do intervalo da meta. Por que isso só é considerado quando se trata de elevar a Selic, mas nunca quando se discute reduzi-la?”, questiona Alban. 

“Os juros praticados no Brasil são uma barreira intransponível ao desenvolvimento. A taxa atual asfixia as empresas, empobrece as famílias, compromete empregos e perpetua a desigualdade. Tudo isso em nome do rentismo. Afinal, nada mudou com a nova direção do Banco Central. Não existe crescimento sustentável com juros estratosféricos”, denuncia o presidente da CNI.

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