Quase 100.000 empregos perdidos na indústria no governo de Maurício Macri representam a pior crise do emprego nesse setor dos últimos 20 anos. A queda do emprego industrial nos últimos três anos é similar à registrada entre 1998 e 2002, quando estourou a crise da conversibilidade durante o governo de Carlos Menem, que estabelecia uma relação cambiária fixa entre a moeda nacional e o dólar levando o país ao desastre. O registro foi de um documento da Consultora Radar, baseado na informação oficial da Secretaria de Trabalho para o setor manufatureiro.
A desvalorização do peso nos últimos meses junto com o forte aumento de custos, a abertura às importações e a derrubada do consumo foram chaves para explicar o aumento no ritmo de perda de empregos no segundo semestre deste ano. Semana após semana estabelecimentos produtivos em várias regiões do país fecham suas portas.
Para a consultora, em 2019 a taxa de desemprego chegará aos dois dígitos e ficará entre 11 e 14%. Foram realizadas avaliações para o próximo ano com três cenários. No caso em que perdure a atual política, no qual o esquema monetário se mantém precário e se registre uma aceleração da inflação, se avaliou uma perda de quase 800.000 mil empregos. “Seriam destruídos, neste cenário, trabalhos em todos os setores intensivos em mão de obra: comércio e indústria (pelo consumo), construção (obra pública e privada) e serviços e transporte (crise econômica)”, assinalou o informe. Neste caso o desemprego seria o mais alto desde 2003. O Radar elaborou este informe junto com o Observatório de Produção e Emprego da Universidade Metropolitana para a Educação e o Trabalho, UMET.
O setor industrial é um dos mais afetados pela crise. Desde novembro de 2015 os dados do registro da Previdência social (SIPA) indicam que se perderam 92.843 empregos industriais. Nos últimos dois meses, 74% das demissões se concentraram no setor fabril. No setor de serviços foram outros 20% e na construção 3%. As pequenas e medias empresas são algumas das mais afetadas pela crise do mercado interno com forte arrocho da demanda.
O Centro de Economia Política foi outra consultora que mostrou o problema do emprego nos últimos meses. Em um de seus últimos informes indicaram que no bimestre setembro-outubro as demissões e suspensões somaram sete vezes mais que no ano passado: 20.872 pessoas foram expulsas do trabalho, enquanto que em 2017, durante o mesmo período, haviam se registrado 3087 casos.
Também confirmaram que o setor manufatureiro é o setor mais afetado pelas tensões do mercado interno.