Em entrevista para o site de notícias Al Jazeera, palestinos recém soltos chamaram as cadeias em Israel de “prisões da injustiça”
Palestinos que detidos por Israel foram soltos pela troca de reféns com o Hamas na segunda-feira e retornaram a Gaza denunciam tortura nas mãos dos guardas nas prisões israelenses..
“Fomos detidos em um matadouro,” disse um dos entrevistados.
Militares israelenses disparavam balas de borracha contra os palestinos detidos, nas partes íntimas e nas costas. Os presos também recebiam seções de choques elétricos. Muitos foram torturados mais de uma vez ao dia.
“Dois anos com fome, juro por Deus que não comemos ou bebemos, estamos doentes, somos assombrados dia e noite, todos os tipos de tortura psicológica e física, nos ameaçam com nossos filhos”, postou nas redes sociais o jornalista palestino Shadi Abu Seido.
Em uma entrevista nesta quinta-feira, 16, ao site de noticias Democracy Now!, a palestina americana, Moureen Kaki, que trabalha com causas humanitárias, esteve em contato com palestinos que retornaram dessas prisões. A maioria dos palestinos foram presos sem acusação nestes dois anos do genocídio em Gaza.
“Eles estavam sendo presos ilegalmente como cativos pelos militares israelenses e depois pelo governo israelense”, disse Moureen Kaki. “Alguns deles foram mantidos em cativeiro por apenas três meses, e alguns deles por vários anos.”
“A situação é extremamente difícil para homens jovens, sem comida, sem bebida, sem cuidados médicos. enfrentam constante opressão, tormento. Quem me dera que todos prestassem atenção à sua situação. Que Deus proteja a todos. É uma sensação indescritível,” relatou Majed Abid, palestino detido por Israel a quase dois anos atrás.
“O que é muito claro a partir das imagens que estamos vendo de palestinos que foram libertados das prisões israelenses, o quevimos dos cerca de 1.700, presos em Gaza, em imagens divulgados na Cisjordânia ocupada, é o quão magros eles estão, quase esqueléticos, embora todos eles estejam usando esses moletons cinza pesados. Descreva as experiências que você já ouviu falar dessas pessoas,” disse Amy Goodman, jornalista do Democracy Now!, ao entrevistar um palestino.
“Alguns dos, quero dizer, parte disso, eles não tinham como compartilhar. Parte disso foi visualmente representado em seus corpos da maneira que você estava descrevendo. Mas três pessoas a quem vimos e com quem conversamos, em particular, tiveram novos ferimentos de bala até três semanas atrás, na perna, na coxa”, disse Moureen Kaki.
“Cada um com quem falei descreveu a mesma experiência, o fato de que, desde que o cessar-fogo foi anunciado, eles só podiam beber água do banheiro. Eles não receberam comida. Alguns foram espancados pelas forças israelenses duas horas antes de sua chegada a Gaza enquanto esperavam o ônibus. Todos descreveram a tortura, tanto o tipo brutal de espancamentos em diferentes partes do corpo, mas também formas “suaves” de tortura, entre aspas, em que eram forçados a se ajoelhar ou sentar em uma posição desconfortável por várias horas de cada vez. Foi sim, realmente horrível, o que eles tinham para compartilhar,” disse Amy.
“Portanto, nenhum deles foi acusado. Isso foi tudo, na verdade, todos eles estavam sendo detidos ilegalmente, como sob a prática que você mencionou, a detenção administrativa de Israel. Todos eles descreveram o fato de que não receberam nenhum tipo de advogado. Eles não receberam nenhum tipo de comunicação com o mundo exterior. E, de fato, israelenses estavam dizendo a alguns prisioneiros que toda a sua família havia sido morta e, em alguns casos, isso não era verdade.
“E então, essas são pessoas que, quero dizer, havia uma variedade de pessoas. Havia jovens de 21 anos, lembro-me explicitamente, e depois homens mais velhos de meados dos anos cinquenta. E a maioria das pessoas com quem falei foi tirada de suas casas depois que elas foram atacadas por fogo israelense e então foram feridas ou desorientadas e retiradas de suas casas ou dos lugares em que estavam quando foram atacadas”.
“Um dos homens que acabamos de mostrar, que chorava de joelhos no chão, acabara de saber que sua esposa e filhos haviam sido mortos em um ataque aéreo israelense. Ele estava segurando uma pequena pulseira que tinha para, acredito, sua filha de 2 anos”, declarou Amy Goodman.
CORPOS DE PALESTINOS ENTREGUES POR ISRAEL APRESENTAM SINAIS DE TORTURA
O Ministério da Saúde de Gaza anunciou que recebeu os corpos de 45 palestinos que morreram enquanto estavam sob custódia de Israel. Os corpos foram entregues pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha depois do acordo de cessar-fogo na sexta-feira, 10.
Uma fonte que trabalha no Hospital Nasser em Khan Younis, relatou para o site de notícias Middle East Eye, que alguns dos falecidos foram mortos recentemente, outros já estavam em estado avançado de decomposição e de outros havia apenas restos mortais parciais.
Os cadáveres mostraram sinais de tortura, execuções e alguns até de terem sido esmagados com tanques militares. Corpos com sinais de abuso extremo, marcas de estrangulamento, mutilação, desmembramento e ossos quebrados. Alguns estavam com os olhos vendados, com as mãos e pés amarrados.