Procuradoria-Geral da República (PGR) investiga repasse
Uma planilha entregue por colaboradores do grupo J&F à Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que o deputado Onyx Lorenzoni (DEM/RS), futuro ministro da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro, recebeu um segundo repasse de R$ 100 mil por meio de caixa dois em 2012.
O documento mostra que o pagamento feito a “Onyx-DEM” ocorreu em 30 de agosto daquele ano, em meio às eleições municipais. Segundo os colaboradores, “o dinheiro foi repassado em espécie”.
Lorenzoni admitiu no ano passado ter recebido da empresa, por meio de caixa dois, R$ 100 mil para a campanha de 2014 que não foram declarados à Justiça Eleitoral. Em relação a esse caso, pediu desculpas. Porém, o deputado não havia dado informações sobre 2012, ano de eleições municipais e no qual ele não foi candidato, mas era presidente do DEM no RS e apoiou vários candidatos.
Os pagamentos feitos a Onyx estão sendo investigados pela PGR desde agosto, por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Atualmente, o caso está em fase de análise de providências, que pode acabar em abertura de inquérito ou arquivamento.
As informações sobre as doações não declaradas foram detalhadas por Joesley Batista, dono da J&F, Ricardo Saud e Demilton Castro, responsável por pagamentos ilegais. A planilha “Doações-2012” foi entregue para confirmar as informações.
Em maio do ano passado o ex-diretor de Relações Institucionais da J&F, Ricardo Saud, entregou à PGR anexo de sua colaboração informando que a JBS doou via caixa dois R$ 200 mil a Onyx em 2014. Foi após o caso ser divulgado que o deputado admitiu ter recebido R$ 100 mil da empresa. Ele não mencionou pagamento em 2012.
As informações sobre a doação em 2012 constam de anexos complementares, entregues em agosto do ano passado.
O futuro ministro negou que tenha recebido recursos de forma ilegal da empresa em agosto 2012: “Agora, se requenta uma informação do ano passado, dada por alguém que eu não sei quem é, se passo na rua não sei quem é, não conheço, nunca vi”, disse.
Ele ainda acusou a “Folha de S.Paulo” de pretender o “terceiro turno das eleições” e disse não ter medo da publicação, do grupo J&F e de “ninguém”. Lorenzoni também reclamou de supostas tentativas de fragilização do futuro governo de Jair Bolsonaro. O presidente eleito fez campanha defendendo a ética na política e o combate à corrupção.
Não é a primeira vez que o futuro ministro é citado em investigações de caixa dois. No passado, o parlamentar também foi acusado de receber dinheiro ilegal da empreiteira Odebrecht, em 2006. O caso acabou sendo arquivado pelo STF agora em 2018 por falta de provas.