Presidente lança programa de R$ 40 bi e critica juros do BC: “precisa começar a baixar”

Lançamento do programa aconteceu na tarde da segunda-feira (20) (Foto: Ricardo Stuckert - PR)

No lançamento do programa Reforma Casa Brasil, Lula defendeu o aumento do salário mínimo, o reajuste da tabela do Imposto de Renda e o investimento do Estado em programas sociais

O presidente Lula participou, na segunda-feira (20), do lançamento do programa Reforma Casa Brasil, que vai usar R$ 40 bilhões para financiar reformas e melhorias em moradias, e defendeu que “as pessoas mais necessitadas precisam ser prioridade nas políticas e decisões do governo”.

“Um país em que o povo não tem casa, não tem educação e não tem comida não é soberano. É por isso que eu estou orgulhoso porque estou cumprindo uma das minhas profissões de fé: fazer com que todas as pessoas possam ser beneficiadas com as políticas de inclusão social”, disse.

No Palácio do Planalto (Ricardo Stuckert – PR)

Em discurso, o presidente defendeu o aumento do salário mínimo, o reajuste da tabela do Imposto de Renda e o investimento do Estado em programas sociais como forma de combater a desigualdade social.

“O salário mínimo ficou sete anos sem ter um reajuste real. Há quanto tempo não se reajustava a tabela do Imposto de Renda? Quando não faz, vai diminuindo o poder aquisitivo”.

“Esse país era assim: as pessoas de baixo eram tratadas como invisíveis e continuavam sempre mais pobres”, continuou.

O presidente também voltou a criticar a alta na taxa básica de juros do país, a Selic, que está em 15% ao ano. Segundo o presidente, o Banco Central precisa começar a reduzir os juros.

“O Banco Central vai precisar começar a baixar os juros, porque todo mundo sabe o que nós herdamos. E todo mundo sabe que nós estamos preparando este país para ter uma política monetária mais séria”, afirmou o presidente.

Em junho, a Selic atingiu 15%, o nível mais alto desde 2006. “(Temos) a maior massa salarial, a maior renda do trabalhador neste país, a inflação está em 5%, com viés de cair cada vez mais. Temos um problema que é a taxa de juros, que está alta, e nós vamos ter que cuidar para que ela baixe um pouco mais“, afirmou o presidente à TV Liberal, em 2 de outubro.

Na última reunião, em setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, decidiu manter, pela segunda vez, a Selic em 15% ao ano.

PROGRAMA

O programa Reforma Casa Brasil, criado em parceria com a Caixa Econômica Federal, vai disponibilizar R$ 40 bilhões em crédito para reformas e melhorias em moradias para famílias de todas as rendas. Os empréstimos terão valor mínimo de R$ 5 mil.

Para as famílias que têm até R$ 3.200 de renda bruta mensal, o crédito vai variar entre R$ 5 mil e R$ 30 mil, tendo 1,17% de juros ao mês. O parcelamento será de 24 a 60 meses, com a prestação limitada a 25% da renda familiar.

Já no caso das famílias na segunda faixa salarial, entre R$ 3.200,01 e R$ 9.600, os juros serão de 1,95% ao mês.

Para as famílias com renda superior a R$ 9.600 mensais, o crédito será de R$ 30 mil a até 50% do valor do imóvel, tendo juros de 1,95% ao mês. Para esta última faixa, serão disponibilizados R$ 10 bilhões.

Movimentos sociais estavam presentes no evento (Foto: Ricardo Stuckert – PR)

Lula declarou que esse tipo de investimento aquece a economia dos bairros e favorece pequenos negócios, como a compra de material de construção e a contratação de trabalhadores.

“Esse país vai dar um salto de qualidade. Não tem muita explicação a gente ver uma notícia no jornal de tantas casas no Brasil que não têm banheiro, ligar a televisão e ver que tem milhões de pessoas que saem de casa para fazer as necessidades no mato, que nunca tomaram banho em chuveiro”, acrescentou.

Para o presidente, “um dos papéis mais importantes do Estado é olhar para aquelas pessoas que o mercado não tem interesse. O mercado não gosta de ganhar pouco”.

O ministro das Cidades, Jader Filho, comentou no evento que “muitas famílias não querem morar em um novo teto, mas querem fazer um cômodo, melhorar o banheiro, fazer uma pintura…”. Ele citou que 12 milhões de famílias vivem em situação de “inadequação”. É o caso de casas sem banheiro ou quando famílias inteiras dormem no mesmo cômodo.

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