O presidente Lula (PT) anunciou, nesta segunda-feira (20), a nomeação do deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP) como novo ministro-chefe da Secretaria‑Geral da Presidência da República. Ele vai substituir o ministro Márcio Macêdo (PT) na pasta.
A troca integra uma reformulação ministerial que visa reforçar a interlocução do governo com os movimentos sociais — justamente a atribuição principal da pasta que será ocupada por Boulos.
A decisão também sinaliza o esforço do Palácio do Planalto para reaproximar o governo de setores populares que foram decisivos na vitória eleitoral de 2022, mas que hoje demonstram certo distanciamento e frustração diante do ritmo de entregas sociais.
Lula tem repetido a interlocutores que é preciso “reacender o entusiasmo” da base militante e dar mais visibilidade às pautas de combate à fome, à moradia e à desigualdade — agendas nas quais Boulos construiu a trajetória política dele.
CONTEXTO E MOTIVAÇÕES
Segundo fontes do Palácio, a substituição de Macêdo tem como objetivo “oxigenar” a pasta com nome que tenha mais legitimidade na militância e nos movimentos populares.
A própria Secretaria-Geral é estratégica: responsável pelo diálogo do governo com organizações da sociedade civil, movimentos sociais e lideranças de base.
Internamente, havia desgaste com Macêdo, que vinha sendo alvo de críticas por baixa mobilização em eventos de cunho social e por interlocução considerada insuficiente.
Para o governo, a entrada de Boulos representa aceno claro aos movimentos populares. Mas não está isenta de tensões políticas, já que parte da direção do PT alertou para os desafios de ampliar alianças mais à centro-esquerda.
“Convidei o deputado Guilherme Boulos para assumir o cargo… Ele vai substituir o companheiro Márcio Macêdo na função, a quem agradeço por todo o trabalho realizado para a ampliação e o fortalecimento da participação social em nosso governo”, disse Lula no anúncio oficial.
QUEM É
Guilherme Castro Boulos, nascido em São Paulo, em 19 de junho de 1982, é professor, psicanalista, escritor, ativista e deputado federal filiado ao PSol.
Ele iniciou a militância política no movimento estudantil secundarista. Atuava nas fileiras do velho Partidão — PCB (Partido Comunista Brasileiro). Formou-se em Filosofia pela USP (Universidade de São Paulo) e fez mestrado em Psiquiatria também pela USP.
Ganhou projeção nacional como coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), organização de luta por moradia urbana. Em 2022, foi eleito deputado federal por São Paulo, com mais de 1 milhão de votos — o mais votado naquele pleito.
