A ministra critica pedidos de sanções e até de intervenção militar dos EUA. STF é acionado por crime contra a soberania nacional
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou nesta sexta-feira (24), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por atuarem contra os interesses do País.
A reação veio após Flávio sugerir ao governo dos Estados Unidos intervenção armada no Brasil sob o pretexto de combater o narcotráfico. São ataques ao País e provocações internacionais.
“Primeiro, Eduardo Bolsonaro pediu o tarifaço e as sanções da Magnitsky para atacar o Brasil. Agora é Flávio Bolsonaro que pede a intervenção armada dos EUA em nosso território”, escreveu Gleisi na rede X. Eles “não têm limites, a vocação dessa família para trair o Brasil. Felizmente temos o presidente Lula (PT) no comando, para defender nossa soberania contra qualquer tipo de intervencionismo”, acrescentou.
COMENTÁRIO QUE GEROU A CRISE
A polêmica começou quando Flávio Bolsonaro respondeu à publicação do secretário de Guerra dos EUA, Pete Hegseth, que celebrava o ataque americano à embarcação suspeita no Pacífico. O senador insinuou que o mesmo tipo de operação deveria ocorrer no Rio de Janeiro. “Que inveja! Ouvi dizer que há barcos como este aqui na Baía de Guanabara, inundando o Brasil com drogas. Você não gostaria de passar alguns meses aqui nos ajudando a combater essas organizações terroristas?”, escreveu o filho do ex-presidente.
A mensagem foi interpretada como pedido de ação militar estrangeira em território nacional, o que configura atentado à soberania brasileira — crime previsto na legislação penal e passível de investigação pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
AÇÃO NO STF E REAÇÃO POLÍTICA
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), protocolou representação no STF contra o senador. No pedido, argumenta que Flávio Bolsonaro “incitou possível violação da autoridade brasileira” e “afrontou o dever de lealdade à pátria”, ao sugerir a atuação de forças estrangeiras dentro do Brasil.
A ação também sustenta que o senador feriu o papel constitucional das Forças Armadas, cuja missão é justamente a defesa da soberania nacional. Após a repercussão negativa, Flávio negou ter defendido ataques a embarcações no Rio e disse que as palavras dele foram “distorcidas” pela imprensa, sob alegação que não sugeriu o bombardeio da Baía de Guanabara. Só faltou dizer mais claramente que “foram tiradas de contexto”, como normalmente fazem.
EDUARDO E A AGENDA NOS EUA
Enquanto isso, o irmão, Eduardo Bolsonaro, está desde fevereiro nos Estados Unidos, onde tem mantido contatos com setores da extrema direita americana e buscado sanções internacionais contra o Brasil e autoridades brasileiras. O parlamentar tenta convencer congressistas americanos e o governo a adotar medidas de retaliação após a condenação de Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão por ter comandado a tentativa de golpe de Estado.
CONTEXTO POLÍTICO E HISTÓRICO
As declarações dos irmãos Bolsonaro reacendem o debate sobre o papel da família na difusão de pautas antidemocráticas e o alinhamento ideológico com a extrema-direita americana. Desde o fim do governo de Jair Bolsonaro, o clã tem mantido discurso de confronto com instituições brasileiras e buscado apoio internacional para questionar decisões do Judiciário e do governo Lula.











