“Bufão” da Casa Branca acabou obrigado a negociar com o Brasil

Reunião das equipes brasleira e norte-americana (Foto: Ricardo Stuckert)

Maneira firme com que o presidente Lula agiu em defesa do Brasil quebrou a arrogância de Trump. Presidente brasileiro cobrou o fim do tarifaço e das sanções a autoridades

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump se reuniram pela primeira vez na tarde deste domingo (26), madrugada no horário de Brasília, na Malásia. O encontro se deu após uma elevação da tensão entre os dois países, fruto da decretação unilateral pelos EUA de sobretaxas a produtos brasileiros, de sanções contra autoridades brasileiras e uma intromissão indevida de Donald Trump nos assuntos internos do Judiciário brasileiro.

A maneira firme e altiva com que o presidente Lula lidou com as chantagens e ameaças feitas pelo governo norte-americano ao Brasil fez com que o ocupante da Casa Branca fosse obrigado a rever seu comportamento e se sentasse para iniciar as negociações cobradas pelo governo brasileiro. Após o encontro, que durou cerca de 45 minutos, o presidente brasileiro disse que os dois acertaram de começar a negociar imediatamente o tarifaço e as sanções a autoridades impostas pelos EUA.

O encontro contou com a participação do Secretário de estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, e Jamieson Greer, representante comercial dos Estados Unidos. Pelo lado brasileiro, além de Lula, estavam o chanceler Mauro Vieira, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa e o assessor adjunto da Assessoria Especial do Presidente da República do Brasil, Audo Araújo Faleiro.

“Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, afirmou Lula após o encontro. Depois da reunião, em um evento com empresários na Malásia, Lula se disse agradecido e afirmou que ele e Trump conseguiram “fazer uma reunião que parecia impossível”.

Trump cumprimenta Lula (Foto: Ricardo Stuckert)

Na primeira parte do encontro, Lula e Trump falaram com os jornalistas por cerca de 10 minutos. Trump disse ser uma honra estar com o presidente do Brasil e que provavelmente eles fariam “alguns bons acordos”. “Nós vamos discutir [tarifas] um pouco. Nós sabemos que nós nos conhecemos. Nós sabemos o que cada um quer”, disse Trump. Perguntado sobre Jair Bolsonaro, o presidente norte-americano disse que “se sente mal” pelo que o ex-presidente brasileiro passou, mas deu a entender que é assunto superado.

Após a reunião, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, disse que a reunião “foi muito positiva” e que os dois países concordaram em negociar o tarifaço imposto ao Brasil. Lula, por sua vez, disse que tinha uma pauta extensa para discutir com Trump e que não havia motivos para desavença entre EUA e Brasil. “Não há nenhuma razão para que haja qualquer desavença entre Brasil e Estados Unidos”, afirmou o presidene brasileiro.

Trump informou ao chanceler brasileiro que daria instruções à sua equipe para iniciar um processo de negociação bilateral ainda neste domingo. “A reunião foi muito positiva e esperamos em pouco tempo agora concluir uma negociação bilateral que trata de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil”, disse Vieira. “Trump declarou que dará instruções à sua equipe para começar um processo de negociação bilateral, que deve se iniciar hoje ainda – já que é para tudo ser resolvido em pouco tempo”, prosseguiu.

Lula também abordou a situação entre os EUA e a Venezuela, tendo se prontificado a ser um contato de comunicação entre os dois países. Donald Trump tem escalado as provocações ao país vizinho sob o pretexto de combater o narcotráfico. O governo do venezuelano Nicolás Maduro acusa os EUA de tentarem invadir o país latino-americano para derrubar seu regime e se apoderar de seu petróleo. “O presidente Lula disse que a América do Sul é uma região de paz e se prontificou a ser interlocutor, como foi no passado, com a Venezuela, para se buscar soluções que sejam mutuamente aceitáveis e corretas entre os dois países”, disse o chanceler.

O secretário-executivo do MDIC também afirmou que os presidentes não abordaram diretamente a questão do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a reunião. “Isso não foi discutido. A questão do Bolsonaro apareceu antes, na entrevista, mas muito lateralmente”, disse Rosa. “O que o presidente Lula usou como exemplo é a injustiça da aplicação da Lei Magnitsky contra algumas autoridades do STF [Supremo Tribunal Federal] e o quão injusta é a aplicação dessa lei sobre esses ministros porque respeitou-se o devido processo legal e não há nenhuma perseguição política ou jurídica”, destacou o secretário.

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