Nas eleições deste domingo (26) para a Câmara dos Deputados da Argentina, o governo de Javier Milei, que estava nas cordas sob a crise cambial e as denúncias de corrupção, logrou escapulir, após um resgate, pelo governo Trump, que incluiu uma chantagem aberta de que deixaria a Argentina quebrar se os eleitores não votassem na motosserra, com acordo de swap [troca] cambial de US$ 20 bilhões e, dois dias antes da votação, uma caravana encabeçada pelo executivo-chefe do JP Morgan, Jamie Dimon, mais Condoleeza Rice, um especulador dos Emirados Árabes e Tony Blair, em Buenos Aires para acenar com supostos mais US$ 20 bilhões de bancos e fundos privados internacionais.
Resultado que talvez mereça nova capa da revista Time de “Ianques ao resgate”. O próprio secretário do Tesouro Scott Bessent se encarregou de lançar o salva-vidas, depois de Trump ter chantageado os argentinos de que, se não votassem na motosserra, o dinheiro não viria.
“Estamos aqui para dar a você o apoio que precisa para as próximas eleições. Se perder, não seremos generosos com a Argentina”, ameaçou Trump, ao receber Milei na Casa Branca.
Nos últimos dias, a Argentina vinha torrando assustadoramente o que sobrava de reservas para evitar que o peso se dissolvesse às vésperas da eleição. Isso, mesmo depois de já “socorrido” pelo FMI.
Na eleição intermediária, só metade dos assentos da Câmara e um terço dos do Senado são disputados. Segundo o La Nación, o LLA aumentou de 37 para 80 na Câmara, grande parte disso proveniente de votantes anteriormente no PRO macrista e na oposição colaborativa da União Cívica Radical, que perderam, respectivamente, 13 e 8 parlamentares. 31 cadeiras foram perdidas por partidos centristas ou forças regionais. A esquerda perdeu 1 cadeira.
Os peronistas, que concorreram sob a bandeira da Força Pátria e tiveram 34,5% dos votos, reelegeram todos os 47 deputados cujo mandato esteve em disputa, e continuam com a maior bancada, 99 deputados.
Curiosamente, conforme relatou o La Nación dois dias antes, o governo Milei já se preparava para um resultado desfavorável e temia o “dia seguinte”, por causa do mercado negro de dólares e até discutia como ganhar uma sobrevida com algumas concessões à oposição mais vacilante.
Com a ajuda dos macristas, a LLA venceu por pequena diferença na província de Buenos Aires.
Assim, espera-se que Milei persista na sua política de desmantelamento do Estado argentino, arrocho contra a população, favores aos bancos e entreguismo a Washington, até o próximo sobressalto. Com Trump no Salão Oval, Milei ofereceu a entrega do espaço estratégico da região sul argentina, a Patagônia para ser ocupado por bases militares norte-americanas.
Nos últimos tempos, a oposição vinha conseguindo vetar projetos de Milei, como no caso do arrocho de aposentados. Mesmo agora, que chegou perto dos 86 votos necessários para derrubar vetos (um terço), ele ainda precisará atrair algum traíra. Essas eleições tiveram o mais baixo comparecimento desde a redemocratização, com 68%.











