“A lógica do atual governo só provoca mais violência, vitima inocentes, apavora a população, mas não chega nem perto de resolver o problema, pois não consegue atingir verdadeiramente o crime organizado no Rio de Janeiro”
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) do Rio de Janeiro criticou em nota a “política de segurança pública desastrosa de Cláudio Castro” que ocasionou “a maior chacina da história do Rio”.
“Nesta terça-feira, 28 de outubro, o Rio de Janeiro foi palco da maior chacina da sua história, provocada por uma operação policial desastrosa do governo Cláudio Castro, que usa a violência das forças de segurança e descarta a vida dos moradores da favela para tentar aumentar sua popularidade e garantir votos nas eleições de 2026”, diz o texto.
“Cada chacina produzida pelo Governo do Estado do RJ apenas reproduz outra chacina, porque a morte virou panfleto para pedir voto”.
O texto prossegue argumentando que “a lógica do atual governo só provoca mais violência, vitima inocentes, apavora a população, mas não chega nem perto de resolver o problema, pois não consegue atingir verdadeiramente o crime organizado no Rio de Janeiro”.
Leia a íntegra da nota:
A política de segurança pública no estado do Rio de Janeiro está falida, para além de qualquer crivo ideológico. A espiral de crescimento da violência deixa evidente que a lógica bélica pela qual é conduzida apenas reproduz mais mortes, sem apontar nenhum avanço em desarticular os mercados alimentados pelo crime organizado.
Cada chacina produzida pelo Governo do Estado do RJ apenas reproduz outra chacina, porque a morte virou panfleto para pedir voto. Porque a nossa socialização com a violência levou parte da sociedade para a idolatria da morte. Os remédios apresentados são sempre os mesmos, ignoram deliberadamente os negócios transnacionais, e colocam sempre como solução aumentar as penas e as operações policiais. Ou seja, prender mais e matar mais. Se essa lógica fosse vitoriosa, estaríamos vivendo em paz. Mas, o que ocorre é justamente o contrário: a cada morte e a cada preso, o ciclo de violência aumenta e se perpetua. Ao invés de apenas observar o desvio jurídico, precisamos observar o mercado, compreendê-lo e sufocá-lo para cortar o mal pela raiz. É preciso combater quem financia e, principalmente, quem lucra com o crime, e não simplesmente banalizar a morte.
Nesta terça-feira, 28 de outubro, o Rio de Janeiro foi palco da maior chacina da sua história, provocada por uma operação policial desastrosa do governo Cláudio Castro, que usa a violência das forças de segurança e descarta a vida dos moradores da favela para tentar aumentar sua popularidade e garantir votos nas eleições de 2026. A cada nova operação fica claro que o atual governo não tem o menor preparo e que a política de segurança pública estadual está à deriva. Enquanto isso, a população vive numa zona de guerra e ninguém tem paz e segurança em lugar nenhum.
O governo anunciou, como saldo da operação, a apreensão de 93 fuzis. No entanto, é curioso observar que, mesmo sendo descrita como a maior operação policial da história do Rio de Janeiro, ela não superou o recorde de apreensões, que foi de 117 fuzis, encontrados na casa do amigo de Ronnie Lessa num bairro nobre, sem que um único tiro fosse disparado. A verdade é que a circulação de armas de guerra só aumentou nos últimos anos, agravada pela facilitação de acesso a armamentos promovida pelo governo Bolsonaro.
Os primeiros números oficiais das operações de ontem mostravam que 64 pessoas haviam sido mortas. 60 delas classificadas como “suspeitos”; e outros 4 policiais mortos, entre eles, 2 militares e 2 civis. Um destes policiais tinha apenas 40 dias de corporação. Entretanto, esse número é bem mais alarmante porque na manhã seguinte moradores retiraram cerca de 70 corpos do interior da favela. Até aqui, são pelo menos 134 mortes contabilizadas, na primeira operação após o malfadado projeto de lei da “Gratificação Faroeste” na Alerj.
Este número de mortes não tem precedentes na história do Rio, mas esse cenário trágico não é fruto do acaso. Eles refletem uma política de segurança que, desde maio de 2021, quando Cláudio Castro assumiu o governo do estado, resume-se a operações militares desastrosas que colocam em risco a vida de moradores e de policiais, e que vêm sendo utilizadas como pauta eleitoreira. Desde então, o que temos visto são chacinas sucessivas: Jacarezinho, em maio de 2021 — 28 mortos; Salgueiro, em São Gonçalo, em novembro de 2021 — 9 mortos; Vila Cruzeiro, em maio de 2022 — 25 mortos; Complexo do Alemão, em julho de 2022 — 17 mortos. Uma sequência trágica, sem resultados concretos porque não há qualquer evidência de que essas mortes contribuam para a solução do problema da segurança pública no Rio de Janeiro. Pelo contrário: a cada operação, o que se evidencia é a incapacidade do Estado em enfrentar o crime organizado.
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) se solidariza com as famílias das pessoas que perderam a vida e com as moradoras e os moradores dos Complexos do Alemão e da Penha e repudia a ação violenta e absolutamente despreparada do governo Cláudio Castro, que mostra a incompetência do governador e de seu secretariado para lidar com a crise de segurança pública no estado.
É fundamental garantir os direitos da população atingida diretamente pela violência, que não tem recebido apoio e acolhimento do poder público estadual. Neste sentido, o PCdoB tem encaminhado propostas legislativas, como por exemplo, o ofício protocolado pela deputada Dani Balbi solicitando que os trabalhadores não tenham seu dia descontado em caso de falta no trabalho.
A lógica do atual governo só provoca mais violência, vitima inocentes, apavora a população, mas não chega nem perto de resolver o problema pois não consegue atingir verdadeiramente o crime organizado no Rio de Janeiro. Diferente do quem tem feito o Governo Federal, que atua com inteligência e foca nos líderes do crime e, principalmente, no coração financeiro das organizações criminosas. Prova disso é a operação “Carbono Oculto”, da Polícia Federal, que desarticulou uma rede de empresas ligadas ao crime organizado, deu um duro golpe financeiro no PCC, sem colocar a vida de moradores e policiais em risco, sem disparar um único tiro. Esse é o caminho que deveríamos seguir: uma política de segurança baseada em inteligência, e não em extermínio.
Fica claro que o problema de segurança pública virou uma questão de Estado e a PEC da Segurança precisa ser aprovada no Congresso para garantir medidas mais eficazes no combate ao crime organizado e uma ação realmente articulada entre o Governo Federal e estados, preservando a vida e a segurança da população e a soberania nacional do Brasil.
Por fim, conclamamos toda a sociedade civil do Rio de Janeiro, as universidades e os especialistas em segurança pública, as forças sociais progressistas, os partidos, mandatos, sindicatos, entidades e lideranças populares a se unirem na construção e defesa de um novo marco para a segurança pública e para o próprio Poder Público no RJ.
Fora Cláudio Castro!
Fim do Genocídio e das Chacinas!
PEC da Segurança já!
Segurança pública com inteligência e pela Vida!
Rio de Janeiro, 29 de outubro de 2025.
Partido Comunista do Brasil no Rio de Janeiro











