TSE julga Cláudio Castro, que pode ser cassado e ficar inelegível

Governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) (Foto: Fernando Frazão - Agência Brasil)

Caso envolve uso eleitoral do Ceperj. MP acusa o governador de abuso de poder econômico e político nas eleições. Dezenas de milhares de pessoas, contratadas ilegalmente, fizeram saques na “boca do caixa” no total de R$ 248 milhões

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) marcou, para a próxima terça-feira (4), o julgamento de duas ações que podem levar à cassação do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e do presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), Rodrigo Bacellar (União Brasil).

Ele é acusado de abuso do poder econômico e político na campanha eleitoral de 2022.

Uma investigação do Ministério Público do Rio apontou contratações irregulares e descobriu saques de dinheiro vivo na “boca do caixa”. Ao todo, R$ 248 milhões foram retirados em agências bancárias por dezenas de milhares de pessoas que integrariam o esquema.

As ações apuram o uso de funcionários da Fundação Ceperj (Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro) como cabos eleitorais na campanha de 2022 — prática considerada abuso de poder político e econômico pelo MPE (Ministério Público Eleitoral), que recorreu ao TSE.

Trata-se, a Ceperj, de instituição pública sem fins lucrativos do Estado do Rio, responsável por pesquisas, estatísticas e formação de servidores públicos estaduais. Atualmente, é também fundação de direito privado vinculada à secretaria estadual e tem preferência na organização de concursos públicos estaduais, como o da Polícia Civil.

A relatora do caso é a ministra Isabel Gallotti, que liberou o processo para julgamento às vésperas de deixar o tribunal, em 21 de novembro.

POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS

A Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) sustenta que Castro e Bacellar utilizaram estrutura pública para fins eleitorais, e pede a cassação e inelegibilidade de ambos.

Caso o TSE determine a saída do governador, quem assumirá o governo do Estado será o presidente do TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), desembargador Ricardo Couto de Castro.

Ele já teria de assumir em abril caso Cláudio Castro deixe o cargo para disputar outro cargo ou função pública, já que não pode concorrer à reeleição. Castro pretende disputar uma cadeira para o Senado. Bacellar, por outro lado, planeja se lançar candidato ao governo do Estado em 2026.

CENÁRIO EXPLOSIVO

O julgamento ocorre em momento delicado para Castro. O governador enfrenta forte pressão após a operação policial contra o CV (Comando Vermelho), considerada a mais letal da história do Estado.

Até a tarde de quarta-feira (30), o governo fluminense confirmava 119 mortes. A Defensoria Pública fala em 132 vítimas.

IMPACTO POLÍTICO

Se o TSE cassar Castro, o Rio entra em mais uma transição traumática — fenômeno comum na política fluminense, marcada por sucessões judiciais e crises — Garotinho, Rosinha, Cabral, Witzel.

O julgamento coincide com o auge da repercussão da operação policial do início da semana, expondo:

• Pressão de organismos internacionais.

• Tensão entre segurança pública e direitos humanos.

• Narrativa do governo de “guerra total ao crime”.

O caso tende a reforçar a imagem de instabilidade e radicalização da política fluminense.

EM BRASÍLIA

Há forte pressão sobre o PL e o bolsonarismo. Castro é um dos principais quadros eleitorais do partido fora do eixo São Paulo-Brasília. Eventual cassação:

• Enfraquece o partido em um dos maiores colégios eleitorais do País;

• Abre espaço para União Brasil e PSD disputarem protagonismo no Rio pelo lado da direita; e

• Reduz peso político do clã Bolsonaro na estratégia nacional de 2026.

CENÁRIO PARA 2026

• Bacellar planeja disputar o governo estadual — fica ameaçado.

• Rodrigo Neves (PDT), Eduardo Paes (PSD) e prefeitos aliados podem ganhar força.

• Governo federal acompanha: Rio é estratégico para PAC, Petrobrás e segurança pública.

SINAIS

O julgamento será observado como:

• Teste institucional para o TSE após ciclos de tensão com a direita.

• Recado contra uso eleitoral da máquina pública em 2026.

• Termômetro para a influência do MP na Justiça Eleitoral.

RESUMO DA OPERA

O TSE não julga apenas o futuro de Castro e Bacellar — julga também:

• O clima político no Rio.

• A estabilidade do governo estadual.

• A força do PL no tabuleiro nacional.

A depender do resultado, o Estado pode entrar em mais um ciclo de transição judicial, com consequências relevantes para a disputa presidencial e para a governança da segurança pública.

M. V.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *