Operação federal Carbono Oculto desmantela esquema de lavagem de dinheiro do PCC no Nordeste

Foto: Secretaria de Segurança do Piauí

Em três estados, foram interditados 49 postos e bloqueados R$ 348 milhões em bens; esquema usava holdings e fintechs para ocultar patrimônio

Nesta quarta-feira (5), policiais civis deflagraram mais uma parte da Operação Carbono Oculto, em três estados, onde se investiga a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis. Pelo menos 49 postos de combustível foram interditados nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins.

Entre os bens apreendidos estão um Porsche de R$ 550 mil e um avião modelo Cessna Aircraft 210M. Outros três aviões não foram localizados durante o cumprimento de mandados de busca. 

Os aviões devem ser enviados à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para inserção de gravame, uma restrição nos documentos das aeronaves. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 348 milhões em bens de 10 pessoas e 60 empresas.

De acordo com a Polícia Civil do Piauí, o valor de R$ 5 bilhões foi identificado em movimentações atípicas das empresas envolvidas no esquema. 

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Piauí (SSP-PI) informou que o grupo utilizava uma complexa estrutura de empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para lavar capitais ilícitos, fraudar o mercado de combustíveis e ocultar patrimônio.

“A investigação revelou interconexão direta entre empresários locais e os mesmos fundos e operadores financeiros investigados pela Operação Carbono Oculto, que integrou Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público de São Paulo e PM [Polícia Militar] paulista para desarticular um esquema nacional de lavagem de dinheiro de organizações criminosas.”

Ainda de acordo com a SSP-PI, os 49 postos de combustíveis interditados estão localizados nos seguintes municípios do Piauí: Teresina, Lagoa do Piauí, Demerval Lobão, Miguel Leão, Altos, Picos, Canto do Buriti, Dom Inocêncio, Uruçuí, Parnaíba e São João da Fronteira.

No Maranhão, os estabelecimentos ficavam nas cidades de Peritoró, Caxias, Alto Alegre e São Raimundo das Mangabeiras; além de São Miguel do Tocantins.

A investigação teve início após a venda da rede HD, que possui dezenas de postos no Piauí, Maranhão e Tocantins, em dezembro de 2023. A polícia descobriu que a rede foi vendida à Pima Energia e Participações, que havia sido criada apenas seis dias antes da operação. 

Informações levantadas pelos investigadores indicaram ainda inconsistências patrimoniais e alterações societárias suspeitas. 

A investigação identificou ainda remessa de mais de R$ 700 mil de um dos suspeitos para uma empresa citada na operação Carbono Oculto por ligação com o esquema do PCC. 

Ainda segundo a investigação, há indícios de fraude fiscal e de emissão de notas fiscais frias pelo grupo, além do uso de fundos e holdings para ocultar recursos.

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