A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, apesar do descontentamento do setor econômico e produtivo do país, mantém o Brasil na segunda posição no ranking de juros reais mais altos do mundo.
Divulgado nesta quarta-feira (5) pelo Moneyou, em parceria com a LevIntelligence, o ranking considera as taxas básicas de juros de 165 países. O Brasil aparece atrás apenas da Turquia (17,8%), com uma taxa de juros real – descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses – de 9,74% ao ano. A média de juros reais entre as 40 primeiras nações do ranking é de 1,78% ao ano.

Pouquíssimos países adotaram medidas de aperto monetário no último período, em linha com o que o BC decidiu ao manter o patamar da Selic. Apenas 3,64% entre as 165 nações e nenhum entre as 40 primeiras do ranking aumentou suas taxas de juros. Apenas quatro países, incluindo Turquia e Brasil, mantêm o juro real acima de 5%: Rússia (9,10%) e Argentina (5,16%).
Para efeito de comparação, a taxa de juros real está em 0,26% nos Estados Unidos, 4,21% na Índia, 1,76% na China, 0,03% no Reino Unido, e é negativa em países como Holanda, Áustria, Canadá, Japão, Portugal, Espanha e Alemanha.
Quando consideradas as taxas nominais, o Brasil ocupa a quarta posição no ranking geral, ficando atrás apenas de Turquia (39,5%), Argentina (29%) e Rússia (16,5%). A média global é de 5,48% ao ano.

Apesar da pressão do setor produtivo e do próprio governo – expressa nas palavras do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao afirmar que “os juros vão ter que cair, apesar da pressão dos bancos” -, a decisão do BC pela manutenção da Selic no patamar atual tem como consequência a queda da atividade industrial, a redução da renda da população e o aumento da desigualdade social.
Enquanto isso, os bancos voltaram a reportar grandes lucros. Bradesco, Santander e Itaú Unibanco lucraram, juntos, R$ 22,1 bilhões no terceiro trimestre de 2025, o que corresponde a um crescimento de 13% ante igual período de 2024.











