Frente a setembro de 2024, o indicador registra um recuo de -3,2%
O faturamento real da indústria de transformação recuou -1,3% em setembro deste ano, segundo indicadores da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgados na última sexta-feira (7).
Em agosto, o faturamento já havia encolhido -5,2%. Frente a setembro de 2024, o indicador registra um recuo de -3,2%.
A especialista em Políticas e Indústria da CNI, Larissa Nocko, atrela o resultado negativo do faturamento da indústria, que veio acompanhado com queda nos indicadores de emprego, a massa salarial e a utilização da capacidade instalada, “aos efeitos dos juros sobre o crédito, que ficou mais caro e de mais difícil acesso aos consumidores”, critica a economista.
“Uma vez que o faturamento recua, e recua agora pelo segundo mês consecutivo, isso é um indicativo de perda de receita para os industriais”, explica Nocko. “Isso pode significar uma redução dos investimentos ou uma redução das contratações, a depender do conjunto de decisões de cada empresa”, alerta.
No acumulado de janeiro a setembro de 2025, o avanço é de 2,1% no faturamento da indústria frente a igual período de 2024. Na avaliação da economista, “os avanços ocorridos no ano de 2024 para a indústria de transformação foram bem significativos. O PIB da indústria de transformação em 2024 foi de 3,8%, então foi um resultado acima da média nacional, que foi de 3,4%. Então, essa perda de dinamismo que acontece no período mais recente, ela ainda não é capaz de reverter os ganhos que foram obtidos em 2024”, comentou.
Na última semana, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu manter o nível da taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, nível que não era visto desde 2006. Em janeiro de 2024, a taxa estava em 12,5%.
O nível elevado dos juros está impactando negativamente a demanda doméstica por bens industriais, que já vem sendo prejudicada pela forte entrada dos importados no mercado doméstico – agravando, assim, a desindustrialização do Brasil.
“A penetração de produtos importados no mercado doméstico acabam capturando uma parte relevante desse mercado das indústrias nacionais”, afirma Larissa Nocko.
Em setembro de 2025, o emprego na indústria de transformação recuou 0,2% em relação a agosto, considerando a série livre de efeitos sazonais, com estagnação no número de horas trabalhadas- ligeira alta de 0,1% entre agosto e setembro.
A massa salarial real também caiu, recuou 0,5%em setembro. Quando comparado com setembro de 2024, a queda é de -3,4% e, no acumulado deste ano até setembro o recuo foi de -2,4%.
O rendimento médio real caiu -0,3% em setembro frente ao mês imediatamente anterior. Na comparação com igual mês do ano passado, o recuo foi de 4,4%, mesma magnitude registrada na comparação do acumulado no ano até setembro de 2025 frente ao mesmo período de 2024 (-4,4%).
Já o nível de Utilização da Capacidade Instalada (UCI) do setor recuou de 78,3%, em agosto, para 77,9% em setembro. O patamar atual da UCI está 2,1 pontos percentuais abaixo do registrado em setembro do ano passado.
Larissa Nocko reforça que “o comportamento do emprego acompanha esse desaquecimento do desempenho da indústria de transformação”.
“Ele vem em linha com essa ausência de novos empregos, novos impulsos e, realmente, esse arrefecimento, essa perda da capacidade de crescimento da indústria de transformação, que está muito em linha com a perda de produção, a redução do número de horas trabalhadas também”, conclui a especialista em Políticas e Indústria da CNI.
Em setembro de 2025, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial nacional recuou -0,4% em comparação com agosto deste ano, mês que registrou alta de 0,7% -, depois de uma série de quatro meses assinalando resultados ruins (abril deste ano – queda de 0,9%; em maio, -0,5%; junho, +0,1%, e julho, -0,1%).











