Dado do último mês de outubro. É o maior percentual da série histórica desde 2010
O nível de endividamento das famílias no Brasil atingiu no último mês de outubro 79,5%, avançando desde fevereiro deste ano.
É o maior percentual da série histórica desde 2010. Os dados são da “Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor” (Peic) de outubro, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O endividamento pesquisado é aquele derivado principalmente do cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.
A análise da série histórica desde de 2015 traz também uma informação relevante. Ao comparar o nível de endividados de 57,5% em janeiro de 2015 aos 79,5% de outubro de 2025, tivemos uma variação de 38%.
Acompanhando esses patamares preocupantes de endividamento soma-se outros fatores muito desfavoráveis. A inadimplência registrada em outubro atinge 30,5% dos entrevistados e são 13,2% das famílias que declararam não ter conseguido pagar alguma dívida no mês.
O percentual de famílias inadimplentes por mais de 90 dias avançou de 48,7% para 49,0%, o maior nível desde dezembro de ano passado de 49,2%, fazendo os juros aumentar ainda mais o endividamento.
“Nem mesmo o bom momento do mercado de trabalho tem sido suficiente para conter o avanço na inadimplência, tamanho o patamar atual dos juros. Nesse cenário, o comércio já sente desaceleração das vendas, uma vez que as famílias se veem obrigadas a promover ajustes no orçamento para se adaptar a essa realidade”, apontou Fábio Bentes economista-chefe da CNC, em nota.
“Mesmo que ocorra uma redução da taxa básica de juros, leva um tempo entre a decisão do Copom [Comitê de Política Monetária] e o comportamento das taxas de juros ao consumidor na ponta, que é o que faz diretamente o endividamento e a inadimplência crescerem”, disse em entrevista para o site Poder360. Considerando ainda que há uma tendência de que o endividamento e a inadimplência permaneçam altos até o final do ano.
A propósito da manutenção da taxa Selic em 15% pelo Banco Central (BC) na semana passada, Bentes afirmou também que com os juros altos, o crédito mais caro e a inadimplência em alta, que já atinge 30,4% das famílias, o consumo das famílias tem diminuído. Com 80% das famílias endividadas os consumidores têm adiado compras e reduzido gastos.
“Os empresários enfrentam desaceleração nas vendas, aumento de estoques e necessidade de cortes de custos”, afirmou ainda.
No acumulado até setembro, o setor de comércio criou 138 mil postos de trabalho, queda de 21,3% em relação a 2024, um reflexo direto da desaceleração da economia. “Os consumidores estão retraindo gastos e a confiança futura na situação financeira caiu drasticamente. O cenário pode levar ao fechamento de negócios mais vulneráveis e a uma pressão contínua sobre a rentabilidade do setor como um todo”, conclui Bentes.
A CNC projeta que o endividamento aumente em 3,3 pontos porcentuais até o fim deste ano em relação ao patamar que encerrou 2024, enquanto a inadimplência subiria 1,5 ponto percentual. Segundo a CNC, o resultado da pesquisa sugere impactos desfavoráveis nas vendas do comércio para a Black Friday e o Natal.











