Em outubro, a inflação varia 0,09%, menor resultado em 27 anos

Energia elétrica contribuiu para a redução da inflação (Foto: Helena Pontes - Agência IBGE Notícias)

O resultado vem abaixo das expectativas dos setores financeiros, cuja a projeção era de um aumento de 0,14%. Mesmo com a inflação baixa, BC mantém taxa de juros estacionada nas alturas em 15%

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do Brasil, desacelerou de 0,48% em setembro para 0,09% em outubro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (11). 

Esse é o menor índice para um mês de outubro desde 1998, quando foi registrado alta de 0,02%, de acordo com a série histórica da pesquisa.

No acumulado do ano (até outubro) a inflação registra alta de 3,73% e, nos últimos 12 meses, está em 4,68% – o que é bem abaixo dos 5,17% dos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2024, a variação havia sido de 0,56%.

O resultado de 0,09% da inflação de outubro veio abaixo das expectativas do mercado, que projetava um aumento de 0,14% no IPCA de outubro, e ficou abaixo do piso do intervalo das projeções, entre 0,10% e 0,21%, segundo o Valor Econômico.

Os números do IPCA de outubro colocam mais pressão em cima do Banco Central (BC), chefiado por Gabriel Galípolo, que resiste em realizar cortes no nível da taxa básica de juros (Selic), que está desde junho estacionada nos proibitivos 15% ao ano, mesmo com a inflação baixa, as expectativas de inflação em queda e das críticas do empresariado produtivo, que estão sendo fortemente prejudicado pelos juros altos.

Segundo o presidente da CNI, Ricardo Alban, “a taxa de juros atual traz custos desnecessários, ameaçando o mercado de trabalho e, por consequência, o bem-estar da população. Além disso, o Brasil segue com a segunda maior taxa de juros real do mundo, penalizando duramente o setor produtivo”, afirma Alban, ao avaliar que a continuidade da política monetária excessivamente contracionista é prejudicial ao país.  

Em outubro, a desaceleração da inflação foi puxada pela queda no preço da energia elétrica, que recuou 2,39%, sendo o maior impacto negativo no índice de outubro, com -0,10 p.p. Esses resultados foram possíveis pela mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2, vigente em setembro, para a bandeira vermelha patamar 1, com a cobrança adicional de R$ 4,46 na conta de luz a cada 100 Kwh consumidos, ao invés dos R$ 7,87. Devido a esse fator, o grupo Habitação registrou deflação de –0,30% nos preços em outubro. 

A bandeira tarifária, que é acionada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em período de escassez de chuvas, tem sido o segundo principal fator inflacionário deste ano, ficando atrás do Café (alta de 37,8%). Em 2025, a energia elétrica residencial acumula alta de 13,64%, sendo um impacto no período de 0,53 p.p. no IPCA. Esse impacto não pode ser combatido pela política monetária do BC, pois o aumento dos juros não faz chover.

No Brasil, os preços dos alimentos estão em declínio. Em outubro, o grupo Alimentação e bebidas apresentaram variação de 0,01%, com a alimentação no domicílio caindo -0,16%, com destaque para os recuos nos preços do arroz (-2,49%) e do leite longa vida (-1,88%). De acordo com IBGE, a Alimentação tem o maior peso na estrutura do IPCA, mas essa variação de 0,01% “não exerceu pressão no resultado geral da inflação e é o menor resultado para um mês de outubro desde 2017, quando foi de -0,05%”.

De acordo com o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, “Isso, aliado à queda no grupo Habitação (-0,30%) contribuíram para a desaceleração observada. A título de ilustração, o resultado do índice de outubro, sem considerar o grupo dos alimentos e a energia elétrica ficaria em 0,25%, explica”.

O Índice de Difusão, que calcula a proporção de bens e serviços que tiveram aumento de preços, aponta estabilidade da inflação em outubro, ao variar no mês em 52%, mesmo resultado de setembro. Sem alimentos, um dos grupos considerados mais voláteis, o indicador passou de 55,5% em setembro para 54,5% um mês depois.

No mês passado, por grupo, Vestuário teve a maior alta do mês (0,51%), puxada por calçados e acessórios (0,89%) e roupa feminina (0,56%). Os demais grupos variaram entre a alta de 0,45% em Despesas Pessoais e queda de -0,30% em Habitação.

Resultados do IPCA de outubro, por grupos: 

Alimentação e bebidas: 0,01%

Habitação: -0,30%

Artigos de residência: -0,34%

Vestuário: 0,51%

Transportes: 0,11%

Saúde e cuidados pessoais: 0,41%

Despesas pessoais: 0,45%

Educação: 0,06%

Comunicação: -0,16%

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