Assessor de Tarcísio é pego pela PF com 2,1 milhões em casa, em operação contra fraude

Mario Botion é ex-prefeito de Limeira e integrante do governo Tarcísio - Foto: Reprodução/Instagram Mario Botion

A Polícia Federal deflagrou na quarta-feira (12) uma operação contra fraudes em licitações de prefeituras que atingiu diretamente o núcleo político do governo paulista. Um assessor de Gilberto Kassab (PSD), atual secretário de Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi alvo de mandados de busca e apreensão e acabou pedindo demissão poucas horas depois da ação.

O investigado é Mário Botion, que até então ocupava o cargo de diretor de Convênios do escritório regional de Campinas da Secretaria de Governo. Era dele a responsabilidade pela intermediação de acordos para liberação de repasses financeiros entre a gestão estadual e prefeituras do interior.

Botion foi nomeado para o cargo de confiança em 31 de julho deste ano.

A PF e a Controladoria-Geral da União (CGU) cumpriram mandados na casa do ex-prefeito e em uma de suas empresas, em Limeira, onde ele foi chefe do Executivo municipal entre 2017 e 2024. A operação, batizada de Coffee Break, apura um suposto esquema de fraudes em licitações e desvio de verbas da área da Educação em municípios paulistas.

De acordo com a CGU, o esquema envolvia duas empresas fornecedoras de material didático, sediadas em Sumaré e Hortolândia. Ao todo, 50 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em São Paulo, Paraná e no Distrito Federal. Em um dos endereços vistoriados em território paulista, a PF apreendeu R$ 2,1 milhões em espécie.

“As investigações apontaram indícios de crimes contra a Administração Pública, incluindo fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, além de superfaturamento e tráfico de influência”, informou a CGU em nota.

A PF não esclareceu se Botion é investigado por sua atuação na prefeitura de Limeira ou no governo do Estado. A corporação informou que o caso está sob sigilo e que “os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e organização criminosa”.

Além de alvo da operação, Botion já responde a dois processos por improbidade administrativa na Justiça de São Paulo — ambos ainda sem decisão condenatória.

Procurado pela reportagem, ele não foi localizado para comentar as acusações. Já o governo estadual, por meio da Secretaria de Governo, confirmou a saída do assessor.

“O diretor de Convênios do Escritório Regional de Campinas será exonerado a pedido”, diz o comunicado oficial.

A exoneração de Botion marca a segunda baixa em menos de duas semanas entre os diretores regionais ligados ao gabinete de Kassab.

No fim de outubro, o ex-prefeito de Ilha Comprida, Décio Ventura, havia sido nomeado para chefiar o escritório do Vale do Ribeira, mas também deixou o posto após revelações de irregularidades.

Ventura tem histórico de problemas com os tribunais de contas da União e do Estado, além de quatro decisões vigentes que o proibiam de disputar eleições.

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