“Há uma distorção que precisa ser corrigida”, diz Alckmin, sobre tarifas dos EUA

Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro da Indústria e Comércio (Foto: Tomaz Silva - Agência Brasil)

Vice-presidente disse que a retirada da taxa global de 10% sobre importações de produtos agrícolas foi positiva, “mas o governo Lula seguirá negociando com a Casa Branca para derrubar a taxa adicional de 40% mantida a diversos produtos brasileiros”

O vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, avalia como “positivo” os Estados Unidos terem retirado a taxa global de 10% sobre importações de produtos agrícolas, mas o governo Lula seguirá negociando com a Casa Branca para derrubar a taxa adicional de 40% mantida a diversos produtos brasileiros.

“Foi positivo e vamos continuar trabalhando. A conversa do presidente Lula com o presidente Trump foi importante no sentido do diálogo e da negociação. E também o encontro do chanceler Mauro Vieira com o secretário de Estado (dos EUA), Marco Rubio”, disse, no Palácio do Planalto.

“Nós tínhamos, com tarifa zero, 23% da exportação brasileira. Ano passado foram em números redondos US$ 40 bilhões, é o terceiro destino da exportação brasileira. Isso era 23% e com essa decisão aumentou para 26% a exportação brasileira zerada praticamente”, explicou Alckmin.

O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou no dia de ontem (14) um decreto que retira a tarifa básica de 10% dos Estados Unidos sobre importações de produtos agropecuários, por exemplo, carne bovina, banana, café etc., em respostas às pressões internas para reduzir os preços dos alimentos no país. 

No caso do Brasil, houve a redução da taxa recíproca de 10% para quase 200 produtos, com manutenção da sobretaxa de 40%, que entrou em vigor em agosto deste ano.   

Alckmin afirma que o setor do café não tem sentido o impacto do tarifaço, mas que a taxa é “ainda é alta”. “O Brasil é o maior fornecedor de café para os Estados Unidos, especialmente arábico”, comentou. No caso do suco de laranja as tarifas ficaram zeradas, mas ainda há “distorção”, criticou. 

“Há uma distorção que precisa ser corrigida. Todo mundo teve 10% a menos, só que no caso do Brasil tinha 50% e ficou com 40%, que é muito alto (no café). No caso do Vietnã reduziu 20%, era 20% e foi para zero. Esse é um trabalho que vai ser feito, teve um setor que foi muito atendido, que foi o suco de laranja, era 10% e zerou, isso é US$ 1,2 bilhão. O café também reduziu 10%, só que tem um concorrente que reduziu 20%. Esse é o empenho que tem que ser feito agora para melhorar a competitividade”, comentou o vice-presidente.

Neste sábado, Donald Trump sinalizou que novas reduções tarifárias podem não ser necessárias. 

“Não acho que será necessário [novas reduções]. Nós só tivemos um pequeno recuo quando alguns alimentos, como o café, por exemplo, que estava com os preços um pouco altos. Agora, eles vão ficar mais baixos em um período muito curto”, afirmou o republicano – que teve derrotas recentes na eleição da cidade de Nova York e em outros Estados, por conta do aumento da desaprovação dos eleitores com economia e com o custo de vida.

Questionado sobre essa declaração, Alckmin afirmou que “o Brasil está aberto ao diálogo e quer resolver. Quando o produto americano entra no Brasil, dos dez produtos que eles mais exportam para nós, oito a alíquota é zero, não paga imposto, e a alíquota média final é 2,7%”, observou. 

“Os Estados Unidos têm superávit na balança comercial com o Brasil. O Brasil não é problema, é solução. “Estamos otimistas, foi dado um passo importante e acho que outros passos serão dados e na direção correta”, declarou.

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