Ataque ao governo do México e a tal “Geração Z”, mais nova versão das “revoluções coloridas”

"Juntos, povo e governo", somos invencíveis, declara a presidente Claudia Sheinbaum (Governo do México)

Encapuzados tentam romper barreiras de proteção, quebram vidros e provocam ferimentos ao encenarem invadir o Palácio Nacional

A bandeira do mangá One Piece, uma caveira pirata com chapéu de palha, que se tornou símbolo de “revoluções coloridas” no Sul Global na mais recente versão, a “Geração Z”, fez sua aparição na capital do México, no sábado (15) na cidade do México, com encapuzados tentando romper a grade de proteção ao Palácio Nacional, sede do governo de Claudia Sheinbaum, entrando em confronto com a polícia, o que levou a 120 feridos, na maioria policiais, no que pretendia ser uma “manifestação pela paz” e pelo “combate aos cartéis do crime”.

“México é invencível porque não há divórcio entre o gobierno e o povo. É à maioria da cidadania que o governo respode, e não àqueles que querem provocar a violência no país. Quebraram vidros. Dizemos não à violência. Se alguém discorda de algo, é preciso se manifestar de forma pacífica”, declarou a presidente Sheinbaum em pronunciamento após os confrontos.

Segundo jornalistas da AFP, diversos manifestantes — alguns usando balaclavas — derrubaram as barreiras metálicas que protegiam o palácio e lançaram paralelepípedos contra a tropa de choque, que respondeu com gás lacrimogêneo.

“Por muitas horas, essa mobilização transcorreu e se desenvolveu de forma pacífica, até que um grupo de encapuzados começou a cometer atos de violência”, afirmou aos repórteres Pablo Vazquez, chefe de segurança da Cidade do México.

Embora vários manifestantes usassem sombreros semelhantes aos usados pelo prefeito assassinado Carlos Manzo, sua viúva se recusou a engrossar a manifestação de sábado na capital do México. Manzo, prefeito de Uruapan, foi morto a tiros em uma tocaia em 1º de novembro enquanto participava de uma celebração do Dia dos Mortos.

CONVOCADA POR ROBÔS

Antes da manifestação, a presidente mexicana, que segundo as pesquisas tem 70% de aprovação, advertira que a convocação estava sendo feita por bots (robôs) na internet e por grupos de direita, fragorosamente derrotados nas eleições. “É um movimento promovido do exterior contra o governo”, declarou.

Ao voltar a rechaçar a violência na véspera no Zócalo, Sheinbaum observou que, apesar de ter sido descrita como uma “Marcha da Geração Z”, “havia muito poucos jovens”.

Foram realizadas no sábado em outras cidades manifestações de cunho semelhante, como Guadalajara, em que, a título de exigir “transparência” na apuração do assassinato de Manzo supostamente por um cartel criminoso, exigiam do governo o retorno à fracassada política de guerra total ao crime com tropas federais, iniciada por Calderón em 2006 e abandonada uma década depois de inúmeros massacres, comprometimento de autoridades com o crime organizado e escândalos com o dedo do DEA e do FBI (Operação Velozes e Furiosos).

Realmente, existe no México um difícil problema, na medida em que é a entrada natural para a droga alcançar o maior “mercado” do mundo, os viciados norte-americanos, e que se estruturou assim durante os titânicos esforços da CIA e DEA para bancar a guerra suja na América Central com o dinheiro das drogas, aproveitando-se de sua notória experiência no ramo, desde o Triângulo Dourado na Ásia contra a China, depois no Vietnã, e afinal no Afeganistão, passando pelo Irã-Contras.

Na manifestação na capital do México, os mais furibundos também exigiam a “revogação do mandato de Sheinbaum” e “reformas no sistema judiciário”. Uma estudante disse de forma delirante à AFP que “este é um dos governos mais corruptos que tivemos. É um narco-governo corrupto que quer defender os corruptos e os cartéis em vez do povo”.

DOUTRINA MONROE 2.0

Curiosamente, esse tipo de “protesto” serve de câmara de eco às ameaças do governo Trump de intervir militarmente no México sob o pretexto de conter os cartéis das drogas, que ele usa também para ameaçar tomar o petróleo da Venezuela, a maior reserva comprovada do planeta, enquanto diz que declarou guerra “aos narcoterroristas” como biombo para sua “Doutrina Monroe 2.0, canhoneiras e drones”.

Sem apresentar quaisquer provas e em violação da lei internacional, Trump já ordenou a execução extrajudicial de mais de 80 pessoas no Caribe e no Pacífico, em mais de uma dezena de ataques com drones ou mísseis contra pequenas embarcações, e segue ameaçando invadir a Venezuela.

#México – Manifestação – Segurança Pública – Cartéis de Drogas – Doutrina Monroe 2.0

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