Equador diz “Não” a transformar Ilhas Galápagos em base militar dos EUA

Nunca mais um assassino no poder: Fora Noboa! (AFP)

Todos os retrocessos na Constituição propostos pelo entreguista Noboa foram rejeitados pelo eleitorado

A Consulta Popular realizada neste domingo (16) consolidou o repúdio popular à tentativa do presidente Daniel Noboa de enquadrar os 13,9 milhões de eleitores equatorianos, que lhe deram uma surra nas urnas, como comprovou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Uma por uma, todas as propostas da extrema-direita foram execradas pelo eleitorado, conforme o CNE. Mais de 60% rechaçaram a possibilidade de eliminar da Constituição a proibição de instalar bases militares estrangeiras; 61,61% rejeitaram a convocação de uma nova Assembleia Constituinte (para alterar a Constituição); 58,56% se manifestaram contrários à eliminação do financiamento público para partidos políticos e 53,45% à redução do número de membros da Assembleia Nacional.

“O povo disse não às pretensões de Noboa, à oligarquia e à sua família de privatizar áreas estratégicas como a água e o petróleo, a biodiversidade, a saúde e a educação”, afirmou o dirigente do Movimento Revolução Cidadã, Ricardo Ulcuango, em entrevista ao HP. “Ele queria luz verde para seu grupo privatizar o que é de todos”, condenou.

Ex-parlamentar e ex-liderança indígena, Ulcuango assinala que a “intenção de implantar bases militares” ficou bem explicitada por Noboa quando  poucos dias antes do referendo, visitou a antiga base de Manta, onde as tropas dos Estados Unidos permaneceram até 2009, quando o então presidente Rafael Correa pôs fim ao “uso compartilhado”.

“Este resultado também é uma vitória contra os meios de comunicação que contribuíram com Noboa e sua campanha desigual”, denunciou Ulcuango, citando o “clima de terrorismo de Estado, resultado da prepotência que quiseram impor a qualquer custo”. Vale lembrar, destacou o ex-embaixador, que foi o atual presidente “quem subiu o preço do diesel ao retirar o subsídio, encarecendo o conjunto da economia do país e afetando tudo de forma absurda, impactando salários e empregos”.

REPRESSÃO OSTENSIVA

Cerca de 120 mil policiais e militares foram deslocados para cobrir as ruas e mostrar o poder de repressão do Estado, com marginais de farda ocupando ruas, bairros e recintos eleitorais para “guardar as urnas” e “vigiar a democracia”. Tudo sob orientação e coordenação da secretária de Segurança dos EUA.

Para a presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), Marlon Vargas, que liderou recentemente uma grande paralisação nacional contra o governo, o resultado é esclarecedor do crescente isolamento de Noboa. “Hoje vivemos um momento histórico. O ‘Não’ venceu em todas as quatro questões, e esse resultado reflete a força do povo equatoriano”, comemora Marlon Vargas, para quem a vitória é um “reconhecimento da greve nacional” por melhores condições de vida e trabalho.

E Noboa fez de tudo para não fazer da sua derrota um tombo acachapante, como alertou a organização internacional Rede de Intelectuais, Artistas e Movimentos Sociais em Defesa da Humanidade (REDH), que publicou um manifesto acusando o Conselho Nacional Eleitoral do país (CNE) de adotar medidas favoráveis aos seus interesses. Entre estas artimanhas, assinalou “o uso de recursos públicos para favorecer a campanha governista, a falta de controle do órgão eleitoral, os desequilíbrios no acesso aos conteúdos de campanha e à utilização de notícias falsas e conteúdo manipulado para influenciar o eleitorado”.

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