Ministro vê relação entre os ataques de Derrite à PF e a operação do órgão contra o PCC em SP

Ministro Renan Filho (Foto Geraldo Magela/Agência Senado)

“Tentaram, mais uma vez, aprovar uma blindagem de investigações no Brasil”, declarou o ministro Renan Filho. “A avaliação do governo é: a serviço de quem?”, indagou. “Quem tem interesse em blindar investigação? Quem quer afastar a Polícia Federal?”, insistiu o auxiliara de Lula,

O ministro dos Transportes do governo Lula, Renan Filho, fez duras críticas, em entrevista à Band no domingo (16), às deturpações que o secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite (PP-SP), está tentando fazer no projeto de lei antifacção apresentado pelo governo Lula. Para o ministro, o bolsonarista se licenciou do cargo para tentar “blindar as investigações” contra o crime organizado.

“Tentaram, mais uma vez, aprovar uma blindagem de investigações no Brasil”, declarou Renan Filho. O ministro dos Transportes chamou de lambança o que fez o secretário de SP e levantou questionamentos sobre as motivações por trás da proposta de Derrite. Ele apontou para uma possível reação a operações recentes da Polícia Federal contra o crime organizado no estado.

“A avaliação do governo é: a serviço de quem?”, indagou Renan Filho. “Quem tem interesse em blindar investigação? Quem quer afastar a Polícia Federal?”, insistiu o ministro de Lula. Para Renan Filho há uma conexão da manobra legislativa de Derrite com a grande operação da Polícia Federal deflagrada em São Paulo, que, segundo ele, “demonstrou as vinculações do PCC em setores produtivos, no mercado de capitais”.

Segundo Renan Filho, a proposta que pode ser votada na próxima terça-feira (18) é “muito estranha” e visava, em suas versões iniciais, subordinar a Polícia Federal aos governos estaduais. Ele destacou o que considera uma movimentação atípica do relator. “Um secretário de segurança saiu do cargo, voltou ao Congresso Nacional, pegou um projeto que o governo tinha enviado, um projeto antifacção, […] virou relator e apresenta um substitutivo”, explicou o ministro.

A principal crítica à manobra bolsonarista é a tentativa de interferência na autonomia investigativa da Polícia Federal. “[O substitutivo] visava blindar, por exemplo, as investigações das polícias federais, submetendo a vontade da Polícia Federal aos governos estaduais”, afirmou o auxiliar de Lula. Renan Filho também apontou uma celeridade suspeita na tramitação. “Em dois dias, apresentou quatro relatórios diferentes, de maneira que ninguém sabe direito qual o texto que vai a voto”, denunciou.

O ministro defendeu que o Congresso Nacional deveria, ao invés de atrapalhar o trabalho da Polícia Federal, focar em outras propostas de segurança que aguardam votação, como a PEC da Segurança Pública, o projeto antifacção original do governo e a proposta sobre o “devedor contumaz”, que visa combater o financiamento do crime organizado por empresas que não pagam tributos.

O ministro foi enfático ao afirmar que, para o governo, a avaliação do projeto depende da retirada de dois pontos fundamentais. “Primeiro, se não subordinar a Polícia Federal a ninguém, principalmente a governador. Eu já fui governador. Subordinar a Polícia Federal a governador ou a prefeito significa tirar o caráter federal da própria polícia”, defendeu.

O segundo ponto crítico é o imbróglio entre narcotráfico e organizações “terroristas” no texto. A proposta de confundir uma coisa com outra é o pretexto que está sendo usado por Donald Trump para ameaçar e invadir outros países da região. As FFAA já alertaram para os riscos ao Brasil. Renan Filho argumenta que a forma como o tema é tratado no projeto deixa o país “suscetível a outros países, se quiser fazer um enfrentamento demagógico de outras questões”.

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