Queda vem em linha com os juros elevados e afetou Agropecuária (-4,5%), Indústria (-1%) e Serviços (-0,3%), segundo o IBC-Br
Confirmando vários outros indicadores que vêm registrando a desaceleração da atividade econômica no Brasil, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), no terceiro trimestre do ano, veio em queda de 0,9% sobre o trimestre anterior (abril, maio e junho). Em setembro, o recuo foi de 0,24% em relação a agosto.
O IBC-Br é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), medida oficial da soma de todas as riquezas produzidas pelo país em determinado período, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a ser divulgado em dezembro próximo.
De janeiro a setembro o índice se mantém em alta de 3% sobre o mesmo período de 2024, mas o “mercado” estima que até o final do ano o crescimento do PIB será de 2,16% contra os 3,4% no ano passado, com uma desaceleração mais acentuada para 1,78% em 2026. Os dados foram informados pelo BC nesta segunda-feira (17). É a primeira contração da economia trimestral em dois anos.
O recuo da atividade econômica no trimestre se deu nos três setores da economia pesquisados pelo BC, sendo o maior deles na Agropecuária com – 4,5%; a Indústria veio com -1% e Serviços: -0,3%.
Esses resultados estão em linha com a política monetária imposta pelo BC de manter a Selic, taxa básica de juros da economia, nas alturas, ao nível de 15% ao ano desde junho de 2025, o maior patamar em quase 20 anos, resultante da última escalada dessas taxas desde os 10,5% de maio de 2024, com o propósito declarado de retrair a atividade da economia.
Por que a política do BC pretende derrubar o crescimento da economia a ponto de projetar um crescimento pífio para 2026 em 1,78%, quando a inflação está controlada, impondo ao setor produtivo e às famílias brasileiras o maior juro real do mundo, “por período bastante prolongado”, arrochando os investimentos, o consumo e comprometendo os salários e a renda com dívidas junto a bancos?
Em recente pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 80% das empresas industriais apontam a taxa de juros elevada como principal dificuldade para o crédito de curto prazo. No caso de acesso a financiamento de longo prazo, a Selic foi apontada como principal barreira por 71% dos empresários.
“A Selic tem freado a economia muito além do necessário, uma vez que a inflação está em clara trajetória de queda. A taxa de juros atual traz custos desnecessários, ameaçando o mercado de trabalho e, por consequência, o bem-estar da população. Além disso, o Brasil segue com a segunda maior taxa de juros real do mundo, penalizando duramente o setor produtivo”, declarou Ricardo Alban, presidente da CNI, quando da decisão do Copom de manter a Selic nos 15%, no dia 5 de novembro.
O Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), que é a medida oficial de inflação, fechou outubro com percentual bastante baixo de 0,09%. No acumulado no ano de 2025 até esse momento é de 3,73%, e o IPCA acumulado de 2024 foi de 4.83%.
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