Pastor Fabiano Campos Zettel, cunhado do banqueiro preso, Daniel Vorcaro, e dono do Moriah Asset, chefiou a empresa “Super Empreendimentos”, bancada pelo fundo Termopilas, investigado pela PF
O banqueiro Daniel Vorcaro, preso após o escândalo de desvio bilionário do Banco Master, com montantes que podem chegar a R$12,5 bilhões só do BRB, é nada mais e nada menos do que cunhado do pastor Fabiano Campos Zettel, dono do Moriah Asset, um fundo que, junto com o BTG Pactual, adquiriu uma fatia da marca Oakberry, maior franquia de vendas de açaí do país.
Coincidentemente, o pastor Fabiano Campos Zettel foi um grande colaborador financeiro da campanha de Jair Bolsonaro. O pastor repassou R$ 3 milhões para a campanha de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição em 2022. Em outra coincidência, Zettel foi também o maior doador individual da campanha do bolsonarista Tarcísio de Freitas ao governo de São Paulo. O cunhado de Vorcaro doou R$ 2 milhões para a campanha de Tarcísio.
Deputados já discutem a instalação de uma CPI para abrir a caixa-preta do Banco Master, cuja cúpula foi toda presa esta semana pela Polícia Federal por liderar um esquema de fraude bilionária no Sistema Financeiro Nacional. A investigação atinge diretamente Daniel Vorcaro, o banqueiro preso.
Além de advogado, Zettel é também pastor da igreja Bola de Neve. Ele é também operador do mercado financeiro. É casado com Natalia Vorcaro Zettel, igualmente pastora, e irmã do banqueiro preso esta semana. À frente da Moriah Asset, o pastor informa que investe em diversas empresas e tem também investimentos diretos e indiretos, através de fundos, no setor imobiliário.
As conexões financeiras de Vorcaro e o cunhado aparecem ao mesmo tempo em que o fundo Hans 95, ligado a Vorcaro, se tornou alvo central da PF na Operação Carbono Oculto. A suspeita é de uso de uma rede de fundos para lavar recursos do PCC por meio de operações blindadas — fundos fechados, poucos cotistas e estruturas em cascata que escondiam beneficiários finais.
A teia inclui aportes pesados do Hans 95 no próprio Banco Master em meio à crise de liquidez do banco. Só o Hans 95 aplicou R$ 124 milhões em CDBs do Master em 2024. Em 2025, o Astralo 95 registrou R$ 622 milhões em papéis do banco. Outro fundo ligado à cadeia, o Murren 41, movimentou mais R$ 103 milhões. Somando tudo, pelo menos R$ 849 milhões foram canalizados para o Banco Master.
Isso tudo sem falar dos aportes bilionários efetuados pelo Banco Regional de Brasília (BRB), cuja diretoria já foi afastada após o escândalo, e do Fundo de Pensão dos Servidores do estado do Rio de Janeiro, o Rioprevidência. O BRB fraudou aplicações e tentou enganar o Banco Central para viabilizar o repasse de R$ 12,5 bilhões ao Master. Já o Rioprevidência, de responsabilidade do bolsonarista Cláudio Castro, teria “aplicado” R$ 2,6 bilhões dos recursos dos servidores no banco de Vorcaro.
A rede de fundos ligados ao Master adquiriu uma mansão para Vorcaro em Brasília. O fundo Termopilas, investigado por suspeita de ligações com o PCC, aportou R$ 1,65 bilhão na Super Empreendimentos — empresa sem atividade conhecida, dona do imóvel calculado em R$ 36,1 milhões, onde o banqueiro morava. Outra coincidência: o pastor Fabiano Zettel foi diretor da Super Empreendimentos entre 2021 e 2024. Ele nega que a empresa tivesse investimentos ligados ao fundo Hans 95 durante sua passagem pela diretoria, mas dados públicos mostram que o Hans 95 já dominava a maior parte do capital da Super em 2024.
Durante a tentativa do uso do BRB para executar a operação de “salvamento” do Master – que as autoridades do governo de Brasília tentaram pintar como uma compra do Master pelo banco regional de Brasília – o Banco Central impediu a realização do negócio.
O também bolsonarista, senador Ciro Nogueira, se esforçou para que a negociata fosse concluída e tentou demitir o diretor do BC responsável por barrar a venda. Depois que o BC suspendeu o negócio, o BRB fez operações fraudulentas para repassar R$ 12,5 bilhões ao Master. Já em fuga do país, Vorcaro anunciou a venda do banco para um grupo dos Emirados Árabes Unidos. A venda foi impedida pelo Banco Central que decretou intervenção no Master e a prisão do banqueiro.











