Carestia e caso Epstein fazem aprovação de Trump despencar de 47% para 38%

É cada vez maior o número de eleitores que o considera ruim na administração da economia (AFP)

Pesquisas Reuters/Ipsos, PBS/Marist e Fox News recém divulgadas convergiram para assinalar a queda na aprovação do presidente Donald Trump para o ponto mais baixo desde janeiro, em meio à constatação da insatisfação dos norte-americanos com o alto custo de vida – um efeito colateral do tarifaço – e à repulsa ao que é percebido como encobrimento, pelo governo, do escândalo Epstein.

Assim, a Reuters/Ipsos registrou 38%, a PBS/Marist 39% e a Fox News 41% (mas só 38% na economia).  

Em janeiro, quando Trump voltou à Casa Branca, a aprovação era de 47%, de acordo com a Reuters/Ipsos. Esses 38% agora registrados são tão somente três pontos percentuais acima do pior desempenho do antecessor Joe Biden. Uma semana antes, a aprovação de Trump era de 40%.

A queda vem sendo puxada pela percepção de que, sob Trump, o custo de vida saiu do controle, com 65% reprovando seu desempenho na economia e somente 26% considerando que ele faz um bom trabalho.

O levantamento revela ainda que apenas 20% dos norte-americanos aprovam o modo como Trump lida com o escândalo de Epstein, enquanto 59% o reprovam. Entre republicanos, são 44%; entre democratas, 6%. Para 70% dos entrevistados (entre republicanos, democratas e independentes), o governo Trump esconde informações sobre a suposta lista de clientes de Epstein.

A pesquisa Reuters/Ipsos foi divulgada no dia 18, após entrevistar 1.017 adultos nos Estados Unidos entre a última sexta-feira 14 e a segunda 17.

Segundo a pesquisa da Fox News, 76% dos eleitores têm uma opinião negativa sobre a economia dos EUA e 62% culpam o atual ocupante da Casa Branca por isso. Um tanto surpreendente – na opinião da emissora de Murdoch – 42% dos republicanos também culpam Trump pelo desastre econômico.

“Um número significativo de pessoas, tanto no geral quanto entre os republicanos, diz que os custos de alimentos, serviços públicos, saúde e moradia aumentaram este ano”, escreve a Fox News . Os eleitores estão desanimados em ambos os lados do espectro político, mas “a desaprovação do desempenho geral de Trump atingiu níveis recordes entre seus apoiadores mais fiéis”, acrescenta a emissora.

Na pesquisa da Fox News, entre o eleitorado em geral, 41% aprovam e 58% desaprovam Trump (-17 pontos líquidos). Quanto às condições econômicas pessoais, 60% as descrevem como insuficientes ou ruins.

As avaliações são particularmente desfavoráveis (70%) entre aqueles sem diploma universitário, hispânicos, afro-americanos, independentes e menores de 45 anos. Entre os eleitores com renda familiar inferior a US$ 50.000, 79% avaliam sua situação financeira negativamente.

A pesquisa foi conduzida de 14 a 17 de novembro de 2025, sendo entrevistados 1.005 eleitores registrados selecionados aleatoriamente a partir de um arquivo nacional de eleitores, com margem de erro de + ou – 3 pontos percentuais.

Outra pesquisa aponta que a política econômica do MAGA está começando a se tornar opressiva até mesmo para aqueles com salários mais altos. Segundo a Harris Poll, um terço daqueles que ganham pelo menos US$ 100.000 por ano dizem estar “com dificuldades ou em situação financeira precária”. Metade dos entrevistados afirma que o tão almejado “Sonho Americano” de trabalhar duro para progredir parece cada vez mais inatingível, “revelando uma geração de profissionais que conquistaram tudo no papel, mas se sentem financeiramente desafiados”.

Em particular, a culpa recai sobre os aumentos nos preços de alimentos, moradia e saúde, a ponto de férias, bem-estar pessoal e até mesmo a aposentadoria serem vistos cada vez mais como “luxos” em vez de uma conquista garantida por meio do trabalho árduo. “Os 10% mais ricos estão silenciosamente sofrendo, então o que acontece com os outros 90%?”, questiona o relatório.

A constatação surge apenas dois meses depois de outra pesquisa do Wall Street Journal ter registrado que quase 70% das pessoas acreditam que o Sonho Americano — de que se você trabalhar duro, você vai prosperar — não é mais verdade ou nunca foi verdade: o nível mais alto em quase 15 anos de pesquisas.

De acordo com a projeção mais recente da NPR (National Public Radio), PBS News (Public Broadcasting Service) e Marist (Centro de Pesquisa de Opinião Pública da Universidade Marist), a “acessibilidade” [“affordability”, que se possa pagar], aliás uma bandeira da campanha que elegeu Zohran Mamdani prefeito de NY, é uma questão prioritária para quase 60% dos entrevistados. Já a aprovação de Trump é de 39%, a mais baixa de todas as pesquisas do Marist realizadas durante seu segundo mandato.

“A situação não é complicada”, analisou o pesquisador republicano Daron Shaw, que ajuda a publicar a pesquisa da Fox News junto com o democrata Chris Anderson. “As pessoas estão lutando para pagar o necessário e culpando os que estão no comando. O interessante é ver os democratas ganharem politicamente de um problema que, segundo se argumenta, causou — e que os destruiu em 2024. Mas isso é política.”

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