Haitam Ali al-Tabatabai, que teve participação destacada na luta para expulsar Israel do sul do Líbano foi assassinado com bombardeio em Beirute
O povo libanês se despediu nesta segunda-feira (24) do comandante do Hezbollah, Haitam Ali al-Tabatabai (Sayyed Abu Ali), assassinado no domingo em um traiçoeiro ataque aéreo israelense a um prédio residencial no sul de Beirute, que matou mais quatro e feriu 28, na segunda violação em menos de uma semana do cessar-fogo em vigor.
“Com honra e orgulho, despedimo-nos do grande comandante Haitham al-Tabatabai e de seus companheiros, mártires do Líbano e de seu povo”, afirmou o chefe do Conselho Executivo do Hezbollah, Sheikh Ali Daamush, em seu elogio fúnebre, em que o chamou de “um dos arquitetos da libertação e da vitória” e muitas vezes condecorado pelo secretário-geral Sayyed Hassan Nasrallah.
Veja vídeo com imagens do funeral de Tabatabai:
Ele destacou a participação de al-Tabatabai na expulsão de Israel do Líbano em 2000 e, novamente, em 2006.
Damush deixou claro que a Resistência “jamais abandonará a defesa de sua pátria (Líbano)”. “Estaremos ao lado de nossos mártires e, defendendo a soberania do Líbano, enfrentaremos resolutamente Israel e os inimigos do país. Este é o nosso caminho, e nada poderá quebrar nossa vontade”, destacou.
Daamush reiterou que, enquanto “Israel” acredita que o assassinato de líderes pode enfraquecer o Hezbollah, a vida demonstrou que a Resistência se fortalece por meio de seus mártires. Ele convocou o atual governo libanês a proteger seus cidadãos e sua soberania, adotando planos para esse fim e rejeitando pressões e ditames estrangeiros.
“Qualquer concessão ou aceitação das ordens dos EUA e de Israel não trará resultados. Não nos renderemos e jamais permitiremos que o Líbano caia sob domínio ou controle estrangeiro”, declarou Damush. Ele alertou que “os sionistas estão preocupados com uma possível resposta do Hezbollah, e devem estar preocupados, já que cometeram os maiores crimes contra a Resistência e contra o Líbano”.
ESCALADA
O assassinato marca uma escalada significativa, assinalou o Palestine Chronicle. “Nenhum ataque desta escala – ou envolvendo uma figura da estatura de Tabatabai – teve como alvo os subúrbios do sul de Beirute desde junho, nem desde que o cessar-fogo entrou em vigor.”
Segundo relatos, os moradores da região ouviram no domingo o som de aviões de guerra antes da explosão. “As pessoas correram para fora dos prédios com medo de novos ataques”, relatou um repórter da Reuters presente no local.
Após o ataque, o presidente libanês Joseph Aoun condenou a ação e pediu apoio internacional para frear a escalada militar. Para o regime fascista israelense, é seu direito divino executar extrajudicialmente quem quer que seja sob o pretexto de sua “segurança”, assim como violar acordos de cessar-fogo e a soberania alheia.
O presidente do Líbano, Joseph Aoun, afirmou que o ataque israelense ao subúrbio sul de Beirute é “mais uma prova de que não presta atenção aos repetidos apelos para cessar sua agressão contra o Líbano, e que rejeita a implementação de resoluções internacionais e todos os esforços e iniciativas voltados para acabar com a escalada e restaurar a estabilidade, não apenas no Líbano, mas para toda a região.”
336 MORTOS SOB O CESSAR-FOGO E 971 FERIDOS
“O Líbano, que tem seguido a cessação das hostilidades por quase um ano e apresentado uma iniciativa após a outra, renova seu apelo à comunidade internacional para que assuma suas responsabilidades e intervenha de forma enérgica e séria para deter esses ataques ao Líbano e seu povo, a fim de evitar qualquer deterioração que traga nova tensão à região, e poupar mais derramamento de sangue.”
Também no domingo, forças de ocupação israelenses lançaram um ataque de drone contra a cidade libanesa de Aita al-Shaab, no distrito de Bint Jbeil, no sul do Líbano. Segundo o correspondente do Al Mayadeen, um civil foi martirizado após o ataque atingir um veículo dentro da cidade. Em um incidente separado, uma aeronave de reconhecimento israelense lançou uma bomba perto da nascente histórica na cidade de Odaisseh, também no sul.
Há menos de uma semana, outro ataque israelense foi particularmente xxxxx: um campo de palestinos refugiados da Nakba e seus descendentes no Líbano, em Ain al-Hilweh, perto de Sidon, foi bombardeado, causando 14 mortos, quase todas crianças, sob a alegação de que haveria um “campo de treinamento do Hamas”. Outros seis ficaram feridos.
Desde o cessar-fogo de novembro do ano passado, Israel já assassinou 336 pessoas, a maioria civis, e feriu 971, segundo os números do Ministério da Saúde do Líbano. Segundo a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil), desde o cessar-fogo Israel já cometeu mais de 10.000 violações aéreas e terrestres em território libanês.
RELATOR ESPECIAL DENUNCIA CRIMES DE GUERRA
O Relator Especial das Nações Unidas sobre execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias, Morris Tidball-Binz, condenou na sexta-feira os ataques israelenses no Líbano, incluindo o ataque mortal ao campo de refugiados palestinos de Ain al-Hilweh e os repetidos ataques contra civis e forças de paz da ONU.
“Este não é um incidente isolado, mas parte de um padrão preocupante de ataques letais em áreas povoadas por Israel, e de total desrespeito ao cessar-fogo e aos esforços de paz libaneses”, disse Tidball-Binz, classificando os “repetidos ataques contra civis e propriedades civis” como “crimes de guerra e uma violação da Carta da ONU”.
O especialista observou que o ataque em Ain al-Hilweh se soma aos ataques aéreos e com drones israelenses quase diários no país árabe desde que o cessar-fogo entrou em vigor em 27 de novembro de 2024.
O relator especial também denunciou o aumento dos ataques intencionais de Israel contra as forças de paz da ONU no Líbano. “Esses incidentes constituem crimes internacionais e representam graves violações da resolução 1701 do Conselho de Segurança e da soberania do Líbano “, afirmou, referindo-se à resolução que rege as regras de engajamento na região desde o fim da guerra de 2006 entre Israel e o movimento de resistência libanês Hezbollah.
Tidball-Binz também condenou a contínua ocupação militar ilegal de Israel em cinco cidades e duas chamadas “zonas tampão” no sul do Líbano, afirmando que isso impediu os civis de retornarem às suas casas e a restauração da paz e da segurança no sul do Líbano.











