As tenebrosas relações do bolsonarista Tarcísio com a banca e as privatizações em SP

Daniel Vorcaro e Tarcísio de Freitas (Fotos: Divulgação/Esfera - Paulo Pinto/Agência Brasil)

Emae, responsável por parte do abastecimento de água no Estado, foi vendida para empresário ligado ao Banco Master e recomprada pela Sabesp

Pouco a pouco, as relações entre o bolsonarista Tarcísio de Freitas e a banca, situada na Faria Lima ou fora dela, se tornam mais claras aos olhos de quem acompanha a trajetória do governador de São Paulo, não por acaso, um dos maiores entusiastas da atual gestão fascista de Donald Trump à frente do governo dos EUA, chegando a usar o boné MAGA (“Make America Great Again”, fazer a América grande novamente, em inglês), assim que atual ocupante da Casa Branca desferiu o tarifaço contra a economia nacional, chantageando o governo e o Judiciário.

Outra característica de Tarcísio que encanta os banqueiros é sua compulsão por vender o patrimônio público, não importa se em setores estratégicos ao interesse da sociedade, ou não.

Agora, recentemente, as investigações envolvendo o Banco Master voltaram a cercar o governador, pelo menos em duas frentes.

Uma, que envolve Fabiano Zettel, cunhado do dono do Master, Daniel Vorcaro. Como já foi amplamente divulgado – e não desmentido -, ele foi, na condição de pessoa física, o principal doador da campanha de Tarcísio ao governo paulista, tirando do próprio bolso a modesta quantia de R$ 2 milhões para financiar a candidatura do carioca que, para infortúnio dos paulistas, chegou ao Palácio dos Bandeirantes conhecendo pouco ou nada da realidade do maior poderoso estado da federação.

Zettel também foi muito generoso com a campanha de Jair Bolsonaro, à época, quando destinou R$ 3 milhões, numa única lapada.

Alguém poderia afirmar que o parentesco é uma casualidade, mas não parece ser isso. Zettel é suspeito de participar das operações que inflaram artificialmente o patrimônio do banco do cunhado.

A outra, não menos escandalosa, diz respeito à privatização da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), responsável pelo controle do volume de água do Rio Pinheiros e das represas Guarapiranga e Billings. Tarcísio vendeu a companhia no segundo ano de governo, com direito a foto posada e martelada — um gesto que virou marca da sua gestão privatista e entreguista, façanha que causou inveja a muitos entreguistas que passaram pelo governo de São Paulo e da União.

Resultado dessa operação: o Fundo Phoenix FIP arrematou a Emae por R$ 1,04 bilhão. Entre os cotistas está o empresário Nelson Tanure, investidor de referência do fundo. É aí que o Banco Master reaparece na história. Já privatizada, a Emae aplicou R$ 160 milhões em CDBs do Letsbank, que pertence ao conglomerado da instituição financeira.

Com isso, na prática, o consórcio que levou a estatal paulista aplicou milhões no banco do cunhado do doador de Tarcísio. O valor equivaleria a 5,88% do ativo da empresa, segundo a própria Emae.

“A operação expõe um interesse indireto de recursos privatizados justamente no banco do cunhado de um grande doador da campanha, criando uma situação delicada para a reputação do governo”, denunciou o ICL Notícias.

A negociata, aliás, só ficou conhecida após a Polícia Federal deflagrar Operação Compliance Zero, que provocou a prisão de Vorcaro quando tentava fugir do país, e de Augusto Lima, ex-executivo do Master.

Embora a Emae tenha informado que o valor em CDBs ligados ao Banco Master não impacta a sua capacidade operacional, e que “mantém posição de caixa suficiente para fazer frente às suas obrigações e ao curso normal de seus negócios”, o negócio é mais do que nebuloso.

Não por outro motivo Tarcísio é o queridinho da Faria Lima, daquele pessoal obcecado por negócios que não geram um único emprego, mas bilhões em especulação financeira, que vai a delírio quando o patrimônio público é transferido para o privado, mesmo com prejuízos sociais incalculáveis.

Voltando a Zettel, como se vê, sua atuação não se limita apenas à política, mas à operação de fundos e empresas do conglomerado Master, agora liquidado pelo Banco Central (BC). São esses fundos o Moriah Asset e a Super Empreendimentos.

A prisão de Daniel Vorcaro e ex-CEOs do banco, na Compliance Zero, revelou movimentações suspeitas que podem chegar a R$ 12,5 bilhões envolvendo fundos, CDBs e outros produtos financeiros do conglomerado.

Fundos como Hans 95, Astralo 95 e Murren 41 aplicaram juntos cerca de R$ 849 milhões no Master, enquanto instituições como BRB e o fundo de pensão Rioprevidência aparecem envolvidos em operações irregulares.

Resumo das conexões de Tarcísio

Doações de campanha

Fabiano Zettel, cunhado de Daniel Vorcaro (dono do Banco Master), foi o maior doador individual da campanha de Tarcísio ao governo de São Paulo, contribuindo com R$ 2 milhões. Zettel também é pastor da igreja Bola de Neve e operador financeiro ligado a diversos fundos e empresas, incluindo investimentos no setor imobiliário. Zettel é casado com Natalia Vorcaro Zettel, irmã de Daniel Vorcaro, e esteve à frente de empresas e fundos ligados ao conglomerado do Banco Master, como a Moriah Asset e a Super Empreendimentos. Há suspeitas de participação de Zettel em operações financeiras que inflaram o patrimônio do banco do cunhado. Conexão: Doação significativa de um familiar próximo do dono do Banco Master, o que cria vínculo político-financeiro direto.

Privatização da Emae

No segundo ano de governo, Tarcísio privatizou a Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), vendida por R$ 1,04 bilhão ao Fundo Phoenix FIP. Parte do dinheiro da Emae privatizada (R$ 160 milhões) foi aplicada em CDBs do Letsbank, banco pertencente ao conglomerado do Banco Master. Conexão indireta: O governo de Tarcísio realizou a privatização que acabou movimentando recursos para um banco ligado ao cunhado de um grande doador da campanha.

Exposição financeira de fundos e empresas ligadas ao Master

Diversos fundos ligados a Daniel Vorcaro aplicaram centenas de milhões no Banco Master, incluindo:
• Hans 95: R$ 124 milhões em 2024
• Astralo 95: R$ 622 milhões em 2025
• Murren 41: R$ 103 milhões
A teia financeira inclui aportes bilionários de outras instituições, como BRB (Banco Regional de Brasília) e Rioprevidência, mas o vínculo com Tarcísio se dá principalmente via Zettel e a privatização da Emae.

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