Produção da indústria de transformação cai 0,6% em outubro

Segue a redução no ritmo de crescimento ao longo do ano, aponta IBGE. (Foto: José Paulo Lacerda/Agência CNI)

Indústria geral só cresce 0,1% no mês e recua 0,5% na comparação com outubro do ano passado

A produção industrial brasileira variou em alta de 0,1% em outubro, em comparação com o mês imediatamente anterior (-0,4%), com a produção pela indústria de transformação recuando -06% no mês, após ficar estagnada em setembro (0%), divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (2).    

A principal influência positiva foi assinalada pela indústria extrativa que avançou 3,6% em outubro pela maior extração de petróleo e gás natural.

Frente a outubro de 2024, o total da indústria voltou a registrar taxa negativa na produção, com o recuo de -0,5%. 

No acumulado de janeiro a outubro de 2025, frente a igual período do ano anterior, o setor industrial está em 0,8% em alta, contudo, observou André Macedo, gerente da pesquisa, “prossegue a característica de redução no ritmo de crescimento ao longo do ano, uma vez que o setor industrial havia mostrado expansões de 2% no primeiro trimestre e de 1,3% nos seis primeiros meses de 2025. Vale destacar que esse comportamento também foi observado nas quatros grandes categorias econômicas”.

JUROS E MAIS JUROS

Com esses resultados, a produção industrial brasileira está 14,8% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011, devido ao alto nível da taxa básica de juros (Selic) do Banco Central (BC), hoje em 15%, com os juros reais (descontada a inflação) entre os mais altos do planeta, o que tem criado um ambiente de restrições financeiras cada vez mais severas à indústria, ao encarecer o crédito e inibir a demanda por bens industriais no país.    

Quando comparado com outubro de 2024, a produção de bens de capital (como máquinas e equipamentos) mostrou queda de menos 2,9%, sendo a quinta taxa negativa consecutiva neste tipo de comparação. 

O baixo desempenho do índice de produção de bens de capital vem sendo influenciado, principalmente, pelo recuo de equipamentos de transporte (-15,4%), pressionado, em grande parte, pela menor produção de caminhão-trator para reboques e semirreboques, reboques e semirreboques e caminhões. Além de bens de capital para energia elétrica (-3,9%), para construção (-6,8%) e para fins industriais (-0,9%). 

De um ano para o outro, também foi constatada a piora da produção de bens de consumo semi e não duráveis, redução de -1,6%, a sétima taxa negativa consecutiva nesta base comparativa.  

Nesta categoria industrial, o desempenho negativo é explicado, principalmente, pelo recuo de carburantes (-10,9%), pressionado pela menor produção de álcool etílico e gasolina automotiva. 

O IBGE também destaca que as taxas negativos registrados pelos grupamentos de não duráveis (-5,2%) e de semiduráveis (-4,7%), foram influenciados, “pela menor fabricação de medicamentos, no primeiro; e de telefones celulares, blusas, camisas e semelhantes de uso feminino (de malha ou não), calçados femininos de material sintético e de couro, artefatos de alumínio para uso doméstico, blazers, paletós e casacos de uso feminino (de malha ou não), calçados para esportes de material sintético, bermudas, jardineiras, shorts e semelhantes, artigos do vestuário para uso adulto e colchões”.

Ainda em comparação com 2024, a produção de bens intermediários mostra variação negativa de 0,1%, o que interrompe sete meses consecutivos de taxas positivas.  Já a produção de bens de consumo duráveis cresceu 0,4%, após registrar alta de 3,1% em setembro último, quando interrompeu três meses consecutivos de taxas negativas: agosto (-4,1%), julho (-3,6%) e junho de 2025 (-0,1%). 

Já os bens de consumo duráveis cresceram na base anual com o avanço da produção de eletrodomésticos da “linha marrom” (37,5%) e por motocicletas (23,8%). Por outro lado, os principais impactos negativos foram assinalados por automóveis (-2,3%) e eletrodomésticos da “linha branca” (-6,4%), além dos grupamentos de móveis (-5,7%) e de outros eletrodomésticos (-1,0%).

Na passagem de setembro para outubro de 2025, três das quatro grandes categorias econômicas industriais pesquisadas mostraram expansão na produção: bens de consumo duráveis (2,7%), bens de capital (1,0%) e de bens de consumo semi e não duráveis (1,0%). Por outro lado, o segmento de bens intermediários (-0,8%) mostrou o único resultado negativo em outubro de 2025 e intensificou a perda de 0,4% verificada em setembro de 2025.

Entre setembro e outubro deste ano, ainda, 13 dos 25 ramos industriais pesquisados mostraram quedas na produção.  As principais influências negativas vieram de produção, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,9%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-10,8%), que exerceram os principais impactos na média da indústria. 

No campo positivo, destaques para as indústrias extrativas (3,6%), produtos alimentícios (0,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (2,0%), de produtos químicos (1,3%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (4,1%) e de confecção de artigos do vestuário e acessórios (3,8%).

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