Brasil cobrou fim das tarifas extras a produtos industriais. Colaboração contra o crime organizado também entrou na pauta do telefonema do brasileiro ao norte-americano
O presidente Lula voltou a conversar, nesta terça-feira (2), com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No telefonema, Lula afirmou que deseja “avançar rápido” nas negociações para retirada da sobretaxa de 40% imposta pelo governo dos EUA, que ainda atinge diversos produtos brasileiros. Mesmo com a tensão elevada pelas ameaças da Casa Branca ao continente, o Planalto avaliou como positiva a conversa.
O governo brasileiro busca avançar nas tratativas para retirar novos produtos da lista de itens sobretaxados. Após algum alívio para o agronegócio, o governo avalia que os produtos industriais permanecem como foco de preocupação. Parte desses segmentos, especialmente bens de maior valor agregado ou fabricados sob encomenda, têm mais dificuldade para redirecionar exportações para outros mercados.
O tarifaço imposto ao Brasil faz parte da nova política da Casa Branca, iniciada por Donald Trump, de elevar as tarifas contra parceiros comerciais na tentativa de reverter a perda de competitividade geral da economia dos Estados Unidos, e para a China em particular, nas últimas décadas. As alegações iniciais de Trump para sobretaxar o Brasil se mostraram equivocadas já que o país Sul-americano é um dos poucos países do mundo que tem déficit comercial com os EUA.
Em 6 de agosto, os EUA voltaram a retaliar o Brasil com uma tarifa adicional de 40% sobre mais produtos com a alegação de que decisões da Justiça brasileira prejudicariam, segundo Trump, as big techs e as empresas de cartão de crédito americanas e também porque, segundo ele, estaria havendo uma caça às bruxas no Brasil, numa referência ao julgamento de Jair Bolsonaro, condenado por chefiar liderar uma tentativa de golpe de Estado.
O Brasil não cedeu às pressões da Casa Branca e nem à sabotagem da família Bolsonaro junto ao governo americano para prejudicar a economia brasileira. No diálogo com Trump, Lula reconheceu que foi positiva a decisão do governo estadunidense de voltar atrás e suspender as sobretaxas sobre alguns produtos, mas destacou que “ainda há outros produtos tarifados que precisam ser discutidos entre os dois países e que o Brasil deseja avançar rápido nessas negociações”.
No dia 20 de novembro, a Casa Branca anunciou a retirada de 238 produtos da lista do tarifaço, entre eles, café, chá, frutas tropicais e sucos de frutas, cacau e especiarias, banana, laranja, tomate e carne bovina. Produtos industriais continuam sobretaxados. De acordo com o governo, 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos ainda permanecem sobretaxadas.
No início do tarifaço, 36% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano estavam sendo atingidas pelas medidas unilaterais. Em 14 de novembro, o governo dos Estados Unidos também isentou determinados produtos agrícolas brasileiros dessas tarifas recíprocas.
Em meio a tensões no continente por conta das ameaças à Venezuela por parte da Casa Branca, Lula e Trump também conversaram sobre cooperação para o combate ao crime organizado. Lula falou sobre “a urgência” em reforçar a cooperação com os EUA para combater o crime organizado internacional. Ele destacou as recentes operações realizadas no Brasil pelo governo federal para “asfixiar financeiramente” o crime organizado e identificou ramificações que operam a partir do exterior.
“O presidente Trump ressaltou total disposição em trabalhar junto com o Brasil e que dará todo o apoio a iniciativas conjuntas entre os dois países para enfrentar essas organizações criminosas”, diz o comunicado do Palácio do Planalto. “Os dois presidentes concordaram em voltar a conversar em breve sobre o andamento dessas iniciativas”, afirma o comunicado do Palácio do Planalto. No comunicado, o Palácio do Planalto informou que a conversa entre os líderes foi “muito produtiva” e durou 40 minutos.
Com informações da Agência Brasil











