Juro do BC derruba PIB, que só cresce 0,1% no 3º terceiro trimestre

Foto: José Paulo Lacerda/CNI

Galípolo deve estar comemorando a freada no PIB, já que a meta do BC é que o Brasil entre em recessão

Impactado pelos juros escorchantes de 15% impostos pelo Banco Central (BC), o Produto Interno Bruto (PIB) –  a soma de todas as riquezas produzidas no Brasil – ficou estagnado no terceiro trimestre de 2025, ao variar apenas 0,1% frente ao segundo trimestre de 2025, época em que a economia desacelerou fortemente (0,3%) em comparação aos três primeiro meses do ano (1,5%).

Os números do PIB foram divulgados nesta quinta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também informou as revisões nas taxas do PIB do primeiro trimestre de 2025 (de alta de 1,3% para 1,5%); do segundo trimestre (de alta de 0,4% para 0,3%); do quarto trimestre de 2024 (de alta de 0,1% para recuo de 0,1%); e do terceiro trimestre de 2024 (de 0,8% para 0,9%), na série com ajuste sazonal.

“Está ocorrendo de fato uma desaceleração”, declarou Claudia Dionísio, analista das Contas Trimestrais do IBGE. “A taxa de juros mais alta compromete várias atividades da economia, umas menos sensíveis, outras mais”, completou.

De acordo com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a pretexto de combater a inflação – que está sob controle – os juros vão continuar asfixiando a economia brasileira “por um longo tempo”. Hoje, os juros reais já ultrapassam 10%, o maior ou segundo maior do mundo, paralisando investimentos, públicos e privados, o consumo das famílias e impedindo a geração de novos empregos e salários dignos.

O resultado do PIB do terceiro trimestre de 2025 veio também abaixo das expectativas do mercado financeiro, que apontava para o crescimento de 0,2% da economia.

Em valores correntes, a economia no terceiro trimestre somou R$ 3,2 trilhões. Foram movimentados no período R$ 2.786,4 bilhões referentes ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 449,3 bilhões aos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios.

INVESTIMENTOS

A taxa de investimento no terceiro trimestre de 2025 foi de 17,3%, o que é abaixo do registrado no mesmo período de 2024 (17,4%) e também completamente frustrante para as necessidades do Brasil, que precisa se reindustrializar e gerar riqueza para a melhoria da população.

Pela ótica da produção, a Indústria como um todo cresceu 0,8% frente ao segundo trimestre, com as indústrias de transformação crescendo 0,3% e da construção variando em alta de 1,3%. Já o setor de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos demonstra queda de -1,0% no período.

A atividade dos Serviços ficou paralisada, com alta 0,1%, no terceiro trimestre. Dentro desta categoria, foram constatados crescimento no Comércio subiu (0,4%), Transporte, armazenagem e correio (2,7%), Informação e comunicação (1,5%), Atividades imobiliárias (0,8%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,4%) e Outras atividades de serviços (0,2%). Por outro lado, caíram as Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-1,0%).

Já Agropecuária variou em alta de 0,4% frente ao mês imediatamente anterior.

CONSUMO DAS FAMÍLIAS

O consumo das famílias também foi paralisado no terceiro trimestre pela taxa básica de juros (Selic) do BC, fixada em 15% ao ano desde junho deste ano, o maior nível em quase duas décadas, corroendo a renda e elevando a inadimplência.

No trimestre passado, o consumo das famílias variou 0,1%. Já os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo aumentaram 0,9% na comparação entre o terceiro e o segundo trimestre.

Por sua vez, o consumo do governo avançou 1,3%. As exportações também tiveram alta, de 3,3%, e as importações, de 0,3%.

Em relação com 2024, o PIB cresceu 1,8% no terceiro trimestre de 2025, sinalizando uma desaceleração após a alta de 2,2% registrada entre os meses de abril e junho.

Esse crescimento foi puxado principalmente pela Agropecuária, que cresceu 10,1% em relação a igual período de 2024, puxada por aumentos acima de 10% na produção de três culturas com safras significativas no terceiro trimestre: milho (23,5%), laranja (13,5%) e algodão (10,6%).

A Indústria cresceu 1,7%, puxada pelas altas de 11,9% nas Indústrias extrativas (com a maior extração de petróleo e gás) e da Construção (2,0%). Já as Indústrias de transformação, que corresponde por mais de 80% da indústria geral, recuou -0,6% na comparação anual. O setor de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-1,0%) também assinalou taxa negativa.

O setor de Serviços cresceu 1,3% frente ao mesmo período de 2024.

Pela ótica da demanda interna, o destaque negativo veio do Consumo das Famílias cresceu apenas 0,4% de um ano para o outro.

A gerente de pesquisa ressaltou que essa é a menor taxa “desde o primeiro trimestre de 2021, ainda durante a pandemia de Covid-19”.

A Formação Bruta de Capital Fixo cresceu 2,3% em comparação com o mesmo trimestre de 2024, também demonstrando desaceleração com o trimestre anterior (4,1%), na mesma base comparativa.

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