Juros elevados comprometem a renda, afetam empregos e o crédito, levando à desaceleração do consumo das famílias
No terceiro trimestre de 2025, o consumo das famílias variou 0,1%, após as altas de 0,6% registradas tanto no primeiro quanto no segundo trimestre deste ano. Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que nesta quinta-feira (4) divulgou dados do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil do terceiro trimestre, que apontam para uma economia em estagnação, com o PIB variando 0,1% no terceiro trimestre frente ao segundo trimestre de 2025 (0,3%).
Frente ao terceiro trimestre de 2024, o consumo das famílias registra alta de 0,4%, mostrando desaceleração com o resultado do segundo trimestre (1,8%), na mesma base comparativa. A analista das Contas Trimestrais do IBGE, Cláudia Dionísio, ressalta que a taxa de 0,4% de crescimento do consumo da família é a menor “desde o primeiro trimestre de 2021, ainda durante a pandemia de Covid-19”.
O consumo das famílias vem sendo fortemente prejudicado pelo taxa básica de juros (Selic) do Banco Central (BC), fixada há seis meses em 15% ao ano, no maior nível em quase duas décadas, encarecendo o crédito e dificultando a negociação de dívidas.
“A desaceleração está associada ao desaquecimento dos mercados de trabalho e crédito no terceiro trimestre, em resposta aos impactos defasados da política monetária restritiva”, manifestou o Ministério da Fazenda em nota.
INADIMPLÊNCIA CRESCE
Nesta quinta-feira (04), a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), que mostra que o percentual de famílias endividadas passou de 77% em novembro de 2024, para 79,2% em novembro de 2025, com a inadimplência aumentando neste mesmo período de 29,4% para 30,0%, do total de endividados. O percentual de famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso segue em 12,9%, de um ano para o outro.
“A taxa de inadimplência de 90 dias em operações com recursos livres para pessoas físicas alcançou 6,7% em outubro, o que corresponde a R$ 159 bilhões em atraso, o maior volume da série histórica”, afirma a entidade em nota, ao destacar também que “com os juros ainda elevados, a demanda por crédito por parte das pessoas físicas vem apresentando desaceleração desde abril quando o volume de concessões com recursos livres acumulava variação de 14,3% em 12 meses. De acordo com o último levantamento do BC, esse ritmo foi reduzido para +10,3% em outubro”, afirma a CNC, em nota.











