Juros elevados prejudicam vendas de máquinas em outubro: queda de 4,7% no mercado interno

(Foto: José Paulo Lacerda/ Agência CNI)

“O mercado interno continua sendo o principal suporte da atividade, mas perdeu ritmo em relação ao observado no primeiro semestre, reflexo da política monetária contracionista”, afirma Abimaq

As vendas de máquinas e equipamentos no mês de outubro caíram 3,4% na comparação com outubro do ano passado, segundo dados da Associação da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), na quarta-feira (3), alcançando R$ 26,2 bilhões. Segundo a Abimaq, o resultado reverteu sinais de recuperação verificado no mês anterior, e indústria voltou a mostrar desaceleração no seu desempenho. Na comparação com o mês de setembro houve recuo de 3,3%.

No mercado interno a receita caiu 4,7% na comparação com outubro de 2024, atingindo R$ 18,2 bilhões. Conforme a Abimaq, “o mercado interno continua sendo o principal suporte da atividade, mas perdeu ritmo em relação ao observado no primeiro semestre, reflexo da política monetária contracionista”.

José Velloso, presidente executivo da Abimaq, referindo-se àss taxas de juros proibitivas cobradas pelos bancos, declarou em coletiva: “Dinheiro tem no mercado, mas não tem apetite para fazer algo”. Com a taxa Selic mantida em 15% desde junho pelo Banco Central, o juro real (descontada a inflação) ultrapassa 10%, inibindo os investimentos e o consumo.

A entidade informou ainda que no acumulado do ano até outubro o setor registrou incremento de 9,1% na receita, valor que indica, no entanto, declínio no ritmo de crescimento em 2025. De janeiro a setembro o setor acumulava crescimento de 10,8%.

Os dados da Abimaq trazem também um acompanhamento de desempenho da receita líquida desde 2010, com valores deflacionados e com ajuste sazonal que demonstram que, considerando o período de jan/out, a média da receita líquida de 2025 está 31,7% inferior em relação à média do mesmo período dos anos de 2010 a 2013. Os dados evidenciam o grave declínio da atividade de máquinas e equipamentos nesses anos de um pouco mais de uma década.

MERCADO INTERNO

Com a queda de 4,7% das receitas no mercado interno, o setor alcançou R$ 18,2 bilhões. As atividades que registraram as maiores quedas foram em máquinas para agricultura, componentes e máquinas para construção.

No ano (jan/out), as vendas internas desaceleraram, mas mantiveram resultado de receita 11,4% acima daquela observada no mesmo período de ano passado. A principal demanda veio de máquinas para bens de consumo, mas também por componentes e máquinas agrícolas.

As exportações do setor atingiram US$ 1.484,37 milhões em outubro de 2025, crescimento de 12% em relação ao mês anterior e de 7,2% frente ao mesmo mês de 2024.

No acumulado do ano até outubro, a indústria de máquinas e equipamentos superou o mesmo período de 2024, mesmo diante do recuo nos preços médios das máquinas no mercado internacional (-1,9%) e do tarifaço imposto por Donald Trump (-12,4%).

A elevação da tarifa do imposto de importação em 50 p.p resultou em queda das exportações no mês de outubro. Em relação ao mês de setembro a queda foi de 31,6%, e em relação ao mesmo mês de 2024 de 42,5%.

As importações de máquinas e equipamentos registraram aumento no mês de outubro em 4,5% sobre setembro. Na comparação interanual com outubro de 2024 variou 4,7% totalizando US$ 2,9 bilhões. No acumulado do ano (Jan/Out), as importações somaram US$ 26,9 bilhões, valor 8,5% superior ao registrado no mesmo período de 2024.

As importações de máquinas e equipamentos em 2025 representaram, em média, 45,4% do consumo nacional, proporção semelhante à observada no mesmo período de 2024. Em 2025, as importações atingiram o maior patamar da série histórica iniciada em 1999. Os dados históricos evidenciam uma ampliação contínua da presença de máquinas importadas no mercado brasileiro.

Em relação a 2026 a Abimaq espera um menor desempenho, com uma estimativa de crescimento da receita líquida de vendas em torno de 4%. Para este ano, depois de uma revisão para baixo, a estimativa de crescimento das vendas é de 6,1%. Até outubro o setor gerou R$ 253,5 bilhões de vendas o que acumula uma expansão de 9,1%.

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