Para Iedi, BC deve estar feliz com a desaceleração da economia

"Poucas atividades perderam tanto dinamismo como a indústria de transformação em 2025". (Foto: José Paulo Lacerda/CNI)

“Sinal positivo para o Banco Central, pois mostra que a subida dos juros vem desaquecendo a economia”, diz a entidade da indústria sobre o PIB do 3º trimestre

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), ao analisar os dados do PIB brasileiro no terceiro trimestre de 2025, afirma que a economia seguiu desacelerando no período, “condicionada pelo consumo das famílias, que ficou estagnado, ensejando nova perda de ritmo nos serviços”.  

“É um sinal positivo para o Banco Central, pois mostra que a subida dos juros vem desaquecendo a economia, inclusive naquelas atividades menos sensíveis a crédito e juros”, criticou o instituto, ao destacar que, “não fosse o aumento do consumo do governo (+1,3%), este movimento se revelaria ainda mais claramente nos resultados do PIB”. 

“A perda de dinamismo veio do consumo das famílias, que após crescer +0,6% nos dois primeiros trimestres do ano, ficou praticamente estável agora em jul-set/25, ao registrar somente +0,1%”, também destaca o Iedi.  

Ontem (4), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados de Contas Nacionais Trimestrais, que apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil ficou estagnado no terceiro trimestre de 2025, ao variar em alta de 0,1% frente ao segundo trimestre do mesmo ano (0,3%). Nos primeiros três meses de 2025, o PIB havia crescido 1,5%. 

JUROS DEVASTADORES

Em comparação com o segundo trimestre, as indústrias de transformação variaram em alta de 0,3%.  Frente ao mesmo trimestre de 2024, o setor – que corresponde a mais de 80% da indústria brasileira – mostra um recuo de -0,6%.

“O quadro do setor segue aquém daquele do ano passado”, constata o Iedi. “Frente ao mesmo período de 2024, registrou perda de -0,2% no 2º trim/25 e de -0,6% no 3º trim/25. Poucas atividades perderam tanto dinamismo como a indústria de transformação em 2025 se comparadas com o ano passado”, critica.

O total da indústria brasileira registra alta de 1,7% no terceiro trimestre de 2025, ante o mesmo trimestre do ano anterior (1,1%), alta puxada principalmente pelo crescimento de 11,9% das indústrias extrativas. 

Em sua análise, o Iedi também destaca que outro resultado a se notar no PIB do terceiro trimestre deste ano “é a relativa reação no investimento, que cresceu +0,9% na série com ajuste, após cair -1,5% no 2º trim/25″.

“O adjetivo “relativo” deve-se ao fato de ter contado com a base baixa de comparação do trimestre anterior, por sua alta ter sido insuficiente para eliminar a queda do 2º trim/25 e, sobretudo, pela conjuntura de elevado custo de capital no país, devido ao patamar da Selic em dois dígitos [15% ao ano]”, lembra o Iedi. 

Na comparação com o segundo trimestre, a indústria total cresceu 0,8%, não apenas com a contribuição das indústrias extrativas (1,7%), mas também da construção (1,3%).   

Os investimentos em máquinas e equipamentos, construção civil, etc., medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), subiram 0,9% no terceiro trimestre de 2025, em relação ao segundo trimestre de 2025.  

“A melhora recente do investimento”, argumenta o Iedi, “guarda estreita relação com a construção, setor este incluído no PIB da indústria total. Depois de dois resultados negativos consecutivos, a construção cresceu +1,3% no 3º trim/25”, ressalta a entidade.  

Frente ao terceiro trimestre de 2024, a FBCF cresceu 2,3%, o que é uma redução frente aos 4,1% de crescimento observado no segundo trimestre deste ano – na mesma base comparativa. 

“Apesar deste desempenho agregado positivo do investimento, vale enfatizar os efeitos devastadores das altas taxas de juros vigentes no país. Aquela parcela do investimento diretamente relacionada com a modernização de nossa estrutura produtiva, que asseguraria uma performance superior de nossa produtividade, está no vermelho, comprimida pelo custo de capital”, também condena o Iedi. 

Com base em números do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o Iedi afirma que os investimentos em máquinas e equipamentos encolheram -0,9% no trimestre findo em agosto de 2025 – a última informação disponível, já descontados os efeitos sazonais. Na mesma margem de tempo, os investimentos em bens nacionais caíram -0,8%, enquanto os em máquinas e equipamentos importados recuaram -2,5%. 

“Outro dado a corroborar este quadro é a produção física de bens de capital, que pisou fortemente no freio neste ano, passando de +8,4% em jan-out/24 para um recuo de -0,6% em jan-out/25”, complementa o instituto. —

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