Presidente de Honduras denuncia fraude na tentativa de “golpe eleitoral”

Nas ruas de Tegucigalpa, a determinação da militância do Liberdade e Refundação (Libre) de defender o voto popular (Redes Sociais)

“O vencedor da presidência é Salvador Nasralla. Seremos sempre garantia da defesa da verdade e da vontade soberana do povo hondurenho”, afirmou o ex-presidente Manuel Zelaya, líder do Partido Libre. Derrotado, o candidato do Partido (anti)Nacional, Nasry Asfura, está sendo ungido à presidência por Washington

A presidente de Honduras, Xiomara Castro, condenou nesta quarta-feira (10) a “ingerência” de Donald Trump e do governo dos Estados Unidos no processo eleitoral de 30 de novembro, e denunciou que a vontade popular foi “submetida a chantagem, extorsão e manipulação” durante a disputa que envolveu 298 prefeituras, 128 cadeiras do Congresso Nacional e 20 representantes para o Parlamento Centro-Americano, entre outros cargos.

Da mesma forma, o ex-presidente de Honduras e coordenador-geral do Partido Liberdade e Refundação (Libre), Manuel Zelaya, conclamou a população a se manter mobilizada e ocupar a frente do Conselho Nacional Eleitoral, junto com a Polícia, para impedir que as provas do crime desapareçam. Ele disse que, após consultar a candidata Rixi Moncada, segundo sua “contagem nacional de votos, cédula por cédula, o vencedor da presidência é Salvador Alejandro César Nasralla Salum”. “O Libre será sempre garantia da defesa da verdade e da vontade soberana do povo hondurenho. Não ao golpe eleitoral, não à fraude”.

Dos três candidatos à presidência, apenas o candidato do Partido (anti)Nacional, Nasry Asfura – respaldado abertamente por Trump -, reconhece o resultado após dias de paralisia, idas e vindas na apuração, condenada como “fraudulenta” por Salvador Nasralla, do Partido Liberal, e do governista Liberdade e Refundação (Libre), Rixi Moncada.

Zelaya condenou o terrorismo eleitoral imposto por meio de um Sistema de Transmissão de Resultados Preliminares (TREP) completamente manipulado, “como evidenciado nas 26 gravações de áudio que revelam o golpe em curso”. “Denunciamos isso firmemente: não aceitamos e, por causa dessas manobras sujas, exigimos a anulação das eleições”, asseverou.

O dirigente do Partido Libre apontou que o indulto concedido por Trump ao narcotraficante condenado Juan Orlando Hernández, sua interferência no sistema democrático do país centro-americano durante o período de silêncio eleitoral, nas 72 horas que antecederam as eleições; e a coerção e as ameaças enviadas em 3,6 milhões de mensagens de texto para os telefones de eleitores que recebem remessas dos EUA, além da comprovada extorsão por gangues, alteraram brutalmente as intenções de voto que claramente favoreciam a candidata Rixi Moncada.

PRESIDENTE XIOMARA CASTRO CONDENA “ADULTERAÇÃO DOS RESULTADOS”

“Desde aqui, desta casa de justiça, condeno a interferência do presidente dos EUA, Donald Trump, quando ameaçou o povo hondurenho dizendo que, se votassem em uma candidata corajosa e patriota do Partido Libre, Rixi Moncada, haveria consequências”, declarou a dirigente hondurenha. No país centro-americano, 95% dos recursos que ingressam no país provêm dos Estados Unidos, com as remessas representando mais de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) de Honduras.

Xiomara Castro afirmou que seu governo garantiu um processo eleitoral pacífico, mas que, apesar disso, o povo hondurenho enfrentou “coerção, chantagem, trapaça, fraude e adulteração do sistema de Transmissão Preliminar dos Resultados Eleitorais”.

O Libre demonstrou no sábado (6) “que o TREP teve seu código-fonte manipulado quando, sem o uso das três chaves do sistema de segurança, pelas costas dos técnicos responsáveis, o software foi alterado – recebendo intervenção -, violando a Lei Eleitoral e os protocolos de segurança, conforme confirmado nos módulos de escrutínio e divulgação”.

Tais transgressões, aponta Xiomara, constituem “um golpe eleitoral em curso” que será denunciado perante organizações como as Nações Unidas, a União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos  (Celac). Da mesma forma, a líder condenou o indulto concedido por Trump às vésperas da eleição ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, que foi condenado a 45 anos de prisão nos Estados Unidos por crimes de tráfico de drogas.

“Podem até perdoar sua pena, mas os crimes que ele cometeu contra o povo não serão esquecidos”, enfatizou a presidente, acrescentando que, desde Washington, “decidiram se aliar ao narcotráfico, ao crime organizado e às gangues que operavam impunemente dentro do próprio Estado por mais de uma década”.

Os problemas e falhas no sistema de transmissão eleitoral, advertiu a chefe de Estado hondurenha, “representam um ataque direto à vontade popular”, frisando que diversas provas divulgadas recentemente “demonstram que estas eleições estão viciadas em nulidade”.

“A democracia não existe sem justiça, e o povo não deve aceitar processos marcados por interferência e chantagem”, assinalou Xiomara, reiterando que, como presidente e como figura que emergiu da Resistência, continuará a defender “a dignidade do povo hondurenho”. Por isso convocou a todos os cidadãos a fortalecerem as instituições de justiça do país para garantir processos transparentes que respeitem a soberania nacional.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *