Pelo terceiro dia consecutivo, a população da Grande São Paulo é refém de um apagão generalizado que escancara o fracasso e o desprezo da Enel, concessionária privatizada do setor elétrico. Mais de 50 horas após um vendaval atingir a região, 726 mil imóveis permanecem às escuras nesta sexta-feira (12), segundo a própria empresa. O cenário é de caos: semáforos inoperantes, abastecimento de água comprometido e uma sensação de abandono que tomou conta de milhares de lares e comércios.
A tragédia não é obra apenas da natureza. Documentos judiciais e a fala de gestores públicos apontam o dedo para a negligência criminosa da Enel. A Prefeitura de Itapecerica da Serra obteve uma liminar contra a concessionária, com multa diária de R$ 200 mil, por falhas graves.
A ação judicial é um atestado do descaso: “Os danos decorreram da queda de galhos e árvores sobre os cabos, o que evidencia deficiência de manutenção e omissão na poda preventiva”, afirma o documento. A prefeitura denuncia que a empresa não apresentou um plano de contingência digno desse nome, nem mobilizou recursos suficientes para uma resposta ágil.
“É inadmissível a forma como essa empresa trata a nossa cidade”, declarou o vice-prefeito de Itapecerica, Allan Dias.
Na capital, 536 mil endereços ainda sofrem com a falta de energia. Cidades como Juquitiba (32,85% dos imóveis no escuro), Embu das Artes (26,11%) e Cotia (17,40%) vivem um verdadeiro colapso.
A falta de luz atinge toda a cidade de São Paulo, inclusive regiões centrais como a Bela Vista, a poucos metros da Câmara Municipal de São Paulo. Milhares de pessoas continuam sem luz em sua casas e o comércio, fechado às vésperas do Natal.
Movimentos sociais veem nesta sucessão de crises, que se repetem a cada evento climático mais intenso, consequência direta do modelo privatista implantado no setor elétrico. A Enel, que adquiriu a antiga Eletropaulo em 2018, tornou-se alvo constante de reclamações por altas tarifas, demissões em massa e baixa qualidade no atendimento. Agora, a falta de transparência atinge seu ápice: a empresa classifica milhares de casos como de “alta complexidade” e se recusa a dar um prazo para a normalização total.
Veja reações ao descaso da Enel com o povo de São Paulo:
http://x.com/bigdonniz/status/1999208091133575230











