Ahmed el Ahmed, um sírio que vive na Austrália, arriscou sua vida para desarmar um dos assassinos que atiravam sobre um grupo de cerca de mil judeus reunidos na praia australiana Bondi.
A chacina tirou a vida de 15 participantes e deixou outros 40 feridos em uma solenidade religiosa durante a Hanuka, a chamada “Festa das Luzes”.
Ao perceber a trágica agressão, o imigrante árabe (que já trabalhou como policial e hoje é vendedor de frutas em Copenhagen) atracou-se com um dos atiradores e o desarmou.
A suposição dos policiais e autoridades locais é de que, se não fosse o gesto heroico de Ahmed, haveria muito mais mortos naquele dia.
Ahmed foi operado no ombro, atingido por tiros, durante a briga e, segundo informações de jornais locais está “estável”.
“Ele viu as vítimas e atuou”, disse o pai de Ahmed em entrevista à BBC.
O pai do herói acrescentou que Ahmed agiu quando “viu as vítimas, o sangue, mulheres e crianças deitadas no chão. Ele não teve dúvidas, correu em direção ao atirador fez com que ele parasse de atirar e arrancou sua arma”.
Um video que teve milhares de visualizações mostra ele correndo em direção ao atirador e tomando sua arma. Para isso arriscou sua vida e levou vários tiros no ombro.
“Ahmed foi levado por seus sentimentos, consciência e humanidade”, disse ainda seu pai que revelou que todos na aldeia onde ele cresceu, na Síria, estão muito orgulhosos de sua atitude.
“Ele nos fez orgulhosos, nossa aldeia, a Síria e mesmo o mundo inteiro”, declarou o pai de Ahmed.
Ahmed ia se encontrar com um amigo para tomar um café naquela praia.
Ao visitar Ahmed na cama do hospital onde se recupera da refrega, o primeiro-ministro do Estado de Nova Gales do Sul, onde fica a praia de Bondi, Chris Minns, se disse honrado em visita-lo para agradecer o seu gesto em nome da população de Nova Gales do Sul.
Para Minns, trata-se de um “herói da vida real”: “Sua incrível brabura, sem dúvida, salvou inúmeras vidas quando desarmou um terrorista a enorme risco pessoal”.
Ainda no hospital, ele recebeu doações diversas somando mais de 100 mil dólares.
Segundo autoridades e imprensa local, os dois terroristas são Sajid Akram e Naveed Akram, pai e filho. Sajid permanece hospitalizado e Naveed morreu.
Na chacina, morreram dois rabinos, uma menina de 10 anos e um sobrevivente do holocausto de 87 anos.
“Nós honramos sua vida e tempo que viveu fez parte da família de nossa escola”, escreve, sobre a menina Matilda de dez anos morta no tiroteio, a direção da Escola Russa de Sydney que ela frequentou. Colegas a descreveram como “brilhante, alegre e uma criança espirituosa que trazia luz aos que estavam em torno dela”.
Alex Kleytman, de 87 anos, sobrevivente do holocausto estava no evento com sua esposa Larisa, segundo registrou a imprensa local.
Muitols fizeram vigília no local dos tiros, onde foram colocadas flores.
O comissário de polícia de Nova Gales do Sul, Mal Lanyon disse “baeado nas condições em que se encontra, Sajid Akram, é muito provável que sobreviva e seja levado ao tribunal”.
Lanyon acrescentou que o pai morto, Naveed, era colecionador de armas, portador de seis licensas.
Tanto o governo de Israel, quanto o primeiro-ministro Netanyahu tentaram tirar proveito político da tragédia, fazendo novas provocações.
Pior foram as declarações de Netanyahu: “Há alguns meses atrás escrevi uma carta do primeiro-ministro australiano dizendo que sua política joga combustível no fogo do antissemitismo, encoraja o ódio aos judeus agora nas ruas”.
“Temos que mudar da fraqueza para a força contra os antissemitas isso não começou hoje na Austrália”, bravateou Netanyahu, tentando uma inversão da realidade, culpando a decisão do premiê australiano de defender a criação do Estado da Palestina, e a Solução dos Dois Estados, pelo crime na praia, quando é exatamente o genocídio acelerado e cotidiano contra o povo palestino que acaba estimulando o antissemitismo e propagando o ódio aos judeus.
Logo após a chacina, o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese convocou Comitê de Segurança Nacional de seu gabinete.
“O mal que foi solto na praia Bonde vai além da compreensão, um ataque do mal do antissemitismo”, declarou Albanese.
“É um ataque que tem como alvo os judeus australianos no primeiro dia de Hanuka.
“Como primeiro-ministro” prosseguiu Albanese, “digo, em nome de todos os australianos à comunidade judaica: Estamos com vocês. Abraçamos vocês. E nós reafirmamos hoje que vocês têm todo o direito de se orgulharem do que são e dquilo que acreditam. Vocês têm o direito de venerar e estudar e vive rem paz e segurança e vocês nos enriquecem enquanto nação. Vocês nunca deveriam enfrentar a perda que sofreram hoje”.
Quanto à baixaria de Netanyahu, Albanese respondeu que “uma enorme maioria do mundo reconhece a Solução dos Dois Estados como o caminho adiante no Oriente Médio”.
Já o premiê do Estado de Nova Gales do Sul, Chris Minns, disse: “Meu coração sangra pela comunidade judaica australiana”, assim que soube da chacina.











