Em meio ao avanço das tempestades e um inverno rigoroso, as tropas israelenses seguem barrando o ingresso de 6.500 caminhões no território palestino, agudizam a crise de suprimentos e agravam a fome e os impactos do frio
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) alertou que o governo de Israel continua negando assistência à população de Gaza, enquanto as tempestades de inverno agravam as já precárias condições de sobrevivência das famílias deslocadas.
A ONU e as entidades de direitos humanos alertam que o território está à beira da fome e exigem acesso imediato aos suprimentos, frisando que 1,3 milhão de pessoas, grande parte crianças e idosos, necessitam urgentemente de abrigo em temperaturas que beiram os cinco graus centígrados.
“Continuamos a dar resposta, mas as necessidades ultrapassam a velocidade com que conseguimos responder”, declarou Olga Cherevko, porta-voz do Ocha, referindo-se ao volume limitado de suprimentos que Israel deixa entrar na Faixa de Gaza. “Quando as tempestades chegaram, muitas pessoas perderam tudo. Tudo o que elas tinham foi levado pela água”, assinalou.
BLOQUEIO CRIMINOSO
De acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (Unrwa), os cerca de 6.500 caminhões carregados com alimentos, medicamentos e suprimentos de ajuda humanitária destinados a Gaza – e barrados na fronteira com o Egito – seriam o suficiente para abastecer por três meses o território sitiado.
A lista de itens que continuam sendo bloqueados pelas tropas israelenses é crescente, incluindo máquinas pesadas, equipamentos e peças de reposição necessárias para reparar a infraestrutura danificada ou totalmente destruída pelos constantes bombardeios.
Organizações como a Anistia Internacional, a Human Rights Watch e o Euro-Med Monitor têm denunciado repetidamente o governo Netanyahu pela utilização da fome e do frio como método de guerra, obstrução da ajuda humanitária e destruição de infraestruturas essenciais.
PREPARAÇÃO EMERGENCIAL PARA O INVERNO
Com as repetidas tempestades que inundaram grandes áreas nas últimas semanas, as agências humanitárias priorizaram a preparação emergencial para o inverno. A estimativa é de que 1,3 milhão de pessoas necessitem urgentemente de abrigo.
Nos últimos dias, as equipes de ajuda humanitária distribuíram cerca de 3.800 tendas, mais de 4.500 lonas e milhares de itens de cama, auxiliando cerca de 4.800 famílias, números inexpressivos diante do estrago feito pelas tropas israelenses, que colocaram abaixo mais de 90% dos prédios da “maior prisão do mundo”.
A resposta das Nações Unidas e seus parceiros incluiu lonas plásticas, utensílios de cozinha e assistência alimentar de curto prazo para ajudar as famílias a sobreviverem às consequências imediatas das inundações, na tentativa de garantir condições mínimas de segurança.
“RISCO ELEVADO DE HIPOTERMIA E BEBÊS SOB GRANDE PERIGO”
As condições climáticas cada vez mais adversas do inverno representam sérios riscos à saúde, especialmente para as crianças pequenas, que devem ser mantidas aquecidas. “Os riscos de hipotermia são elevados e os bebês correm grande perigo”, frisou Cherevko.
Para agravar ainda mais o caos, apontou a porta-voz da Ocha, “há muitos casos no lugar da carga humanitária é dada a prioridade ao setor comercial”, o que causa atrasos que afetam diretamente a velocidade de entrega da ajuda.
Outros empecilhos constantemente impostos pelos sionistas são horários inconsistentes de abertura e carregamento nas passagens de fronteira, restrições a itens essenciais e exigências de registro que impedem organizações não governamentais de levar suprimentos para Gaza.
“Todos esses obstáculos precisam ser removidos. Temos capacidade para responder, mas estamos limitados em um momento em que as necessidades das pessoas estão aumentando mais rápido do que podemos atendê-las”, reiterou Cherevko.











