Cerca de 1,3 mil trabalhadores das viações Vila Isabel e Real cruzaram os braços na manhã desta segunda-feira, 22 de dezembro de 2025, paralisando 24 linhas de ônibus que atendem a Zona Norte do Rio e interligam bairros das zonas Sul, Sudoeste e a região Central da cidade. Esta é a segunda paralisação registrada em um intervalo de três meses.
A decisão de entrar em greve foi tomada por motoristas, mecânicos e funcionários do setor administrativo. Segundo o Sindicato dos Rodoviários, o movimento é uma resposta a uma série de irregularidades trabalhistas que se arrastam há meses. As principais queixas incluem atrasos no pagamento de salários e do vale-alimentação, demissões sem a quitação das verbas rescisórias, férias em aberto desde outubro, ausência de depósitos do FGTS e de contribuições ao INSS, além do não repasse de pensões alimentícias e de valores referentes a empréstimos consignados.
Os trabalhadores também relataram o cancelamento do plano odontológico sem comunicação prévia e graves problemas nas condições de trabalho, como ônibus sem manutenção adequada e relatos de infestação de baratas nos veículos.
Os rodoviários em greve se concentraram em quatro pontos da cidade: na Central do Brasil, no Terminal Gentileza, em um terreno na Avenida Brasil ao lado de um supermercado e na garagem das empresas localizada em Vila Isabel.
De acordo com José Carlos Sacramento, vice-presidente do sindicato, a categoria mantém posição firme e só retomará as atividades após a regularização integral de todos os pagamentos em atraso, incluindo salários, férias, FGTS e o ticket alimentação. Ele afirmou que o sindicato busca uma negociação para tentar reduzir os impactos da paralisação sobre a população.
“Os funcionários estão irredutíveis e só voltam ao trabalho após todos os funcionários, inclusive os administrativos, receberem o pagamento de salários, férias, fundo de garantia e ticket alimentação. Vamos tentar um acordo para evitar que a população seja prejudicada”, disse José Carlos.
A Secretaria Municipal de Transportes informou que determinou aos consórcios responsáveis o reforço imediato das linhas de contingência e a assunção emergencial das operações afetadas. A prefeitura destacou que os repasses de subsídios às empresas de transporte estão sendo feitos regularmente e classificou a paralisação como um impasse entre as empresas e seus funcionários.
As empresas Rio Ônibus e o Consórcio Intersul, que representam o setor, emitiram uma nota afirmando que acompanham o caso. As entidades ressaltaram que o episódio “evidencia a crise estrutural do setor” e disseram esperar que empregadores e trabalhadores cheguem a um acordo rapidamente, permitindo a normalização do serviço.











