“Alta taxa de juro é obstáculo de grande proporção à indústria”, analisa instituto

Segundo o IBGE, de janeiro a outubro de 2025, a atividade industrial variou apenas 0,8% contra 3,4% no mesmo período do ano passado (Foto: José Paulo Lacerda - CNI - Via Agência Brasil)

“A indústria brasileira caminha para encerrar 2025 quase sem crescimento”, aponta o Iedi

Um balanço dos resultados da indústria brasileira em 2025, divulgado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) na segunda-feira (22), avalia que a regra do ano foi a estagnação devido à taxa básica de juros, que permanece sendo “um obstáculo de grande proporção à produção”.

Nos 10 primeiros meses do ano, a indústria produziu apenas ¼ do que no mesmo período do ano passado.

“Com isso, seguimos mantendo uma importante defasagem (-12%) em relação ao momento anterior à crise de 2014-2016. A indústria brasileira caminha para encerrar 2025 quase sem crescimento”, analisa o Iedi. Segundo dados da Pesquisa Mensal da Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de janeiro a outubro de 2025, a atividade industrial variou apenas 0,8% contra 3,4% no mesmo período do ano passado.

“O elevado patamar de taxas de juros no país permanece como um obstáculo de grande proporção à produção e aos investimentos no setor, que, ademais, também vem enfrentando as mudanças no comércio global, restringindo mercados externos, como no caso do tarifaço dos EUA, e ampliando a concorrência com importados no mercado interno”, completa.

Segundo o instituto, tomando como ponto de comparação setembro de 2024 – quando o BC decidiu iniciar o ciclo de aumento da Selic – e outubro de 2025, os ramos industriais mais sensíveis aos juros encontram-se em um patamar de produção 2,2% inferior, já descontados os efeitos sazonais.

“A parcela da indústria com mercados mais sensíveis aos juros concentra, portanto, a perda de dinamismo. No total da indústria geral, esta mesma comparação indica um patamar de produção virtualmente estagnado (-0,1%), o que só foi possível graças à manutenção da expansão dos ramos industriais menos sensíveis a juros, cuja produção em out/25 estava 1,7% acima daquela de set/24”.

Avaliando apenas os dados de outubro, última pesquisa divulgada pelo IBGE, o Iedi ressalta que a queda de 0,5% ante o mesmo mês do ano passado foi igualmente puxada pela indústria de transformação, que recuou 2,2%. O resultado só não foi pior por conta da compensação da indústria extrativa, que cresceu 10,2%.

Quanto à variação mensal (setembro-outubro), “a produção industrial variou tão somente +0,1% na comparação com o mês anterior e já descontados os efeitos sazonais. Com isso, dos 10 meses já cobertos pelas estatísticas do IBGE, o resultado do setor foi igual ou menor do que +0,1% em 8 deles. Ou seja, um ano em que a regra foi ficar estagnado”, adiciona.

“Vale enfatizar mais uma vez que esta conjuntura, que gera um custo de capital elevado, não apenas compromete o volume de negócios do setor industrial, mas também joga contra o anseio do país por modernização de sua estrutura produtiva. A viabilização do investimento é um caminho incontornável para termos uma indústria mais produtiva, mais verde e mais competitiva”.

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