Rechaço ao Decreto Supremo 5503 de Rodrigo Paz, que eleva a gasolina em 86% e o diesel em 163%, faz categorias se dirigirem até a capital, onde foram violentamente reprimidas pela polícia e pelas bombas de gás do governo
Comandados pela Federação Nacional de Cooperativas Mineiras da Bolívia (Fencomin), trabalhadores de diversas categorias foram às ruas na segunda-feira (22) para repudiar o Decreto Supremo 5503, que aumentou o litro da gasolina e o do diesel em 86% e 163%, enquanto o salário mínimo foi reajustado – e congelado por 20% durante um ano -, para uma insignificante parcela dos trabalhadores.
Revoltados, fortalecidos pela Central Operária Boliviana (COB), os manifestantes avançaram, terça-feira (23), chegando próximo à Praça Murillo, onde se localiza a sede do Poder Executivo do país, entrando em choque com a polícia e suas bombas de gás lacrimogêneo. Apesar da feroz repressão, que mantém preso o ex-presidente Luis Arce Catacora (2020-2025) vários meios de comunicação registraram a covardia das tropas de Rodrigo Paz.
“Este decreto de Paz é um ‘gasolinaço’ que afetou em cheio o bolso dos cidadãos” e representou um atentado direto ao povo”, afirmou o presidente da Fencomin, Richard Caricari.
De acordo com os mineiros, que tomaram rodovias e avenidas ao lado dos transportistas, “essa mobilização surge de uma decisão orgânica, firme e unânime tomada pelos presidentes das cooperativas filiadas em defesa do trabalho, do sustento de nossas famílias e da economia do povo de Potosí em particular e da Bolívia em geral”.
Os mineiros que vieram de Oruro, Potosí e de vários outros departamentos do país para se reunirem em El Alto e iniciarem uma marcha que terminou no centro de La Paz, afirmam que o decreto neoliberal inviabiliza e afeta a produtividade do setor.
A concentração maior dos trabalhadores em transportes se deu em La Paz, El Alto, Santa Cruz e Cochabamba. Os motoristas argumentaram que o reajuste é desmedido e impacta diretamente seus custos operacionais, os força a aumentar as tarifas e afeta o bolso da população, gerando um “aumento no preço da gasolina”, servindo somente para beneficiar setores privilegiados.
Alfredo Uño Villca, dirigente do setor de mineração, apontou que o povo boliviano exige a revogação do decreto e a abertura de um diálogo, pois o tarifaço não é nem nunca será uma alternativa plausível.
De acordo com Fernando Fernández, vice-presidente da Cooperativa Veneros, o aumento descomunal do preço do diesel constitui um “duro golpe” a todos os que trabalham com o combustível e, particularmente, nos caminhões basculantes que transportam cargas pesadas.











