Papa solidário com sofrimento dos palestinos “expostos à chuva, ao vento e ao frio em Gaza”

Leão XIV somou sua voz à dos palestinos deslocados ou calados pelos bombardeios da invasão israelense (AFP)

“Frágil é a carne das populações indefesas, provadas por tantas guerras em curso ou concluídas, deixando escombros e feridas abertas”, lamentou o Sumo Pontífice

O Papa Leão XIV condenou nesta quinta-feira (25), em sua primeira fala pelo Natal enquanto Papa, as condições brutais e insanas em que centenas de milhares de palestinos estão sendo obrigados a sobreviver com suas famílias em Gaza, submetidos a se deslocarem constantemente pelos bombardeios das tropas de ocupação israelenses.

“Como então podemos não pensar nas tendas em Gaza, expostas durante semanas à chuva, ao vento e ao frio; e em tantos outros refugiados e deslocados internos em todos os continentes, ou nos abrigos improvisados ​​de milhares de pessoas sem-teto em nossas próprias cidades?”, disse. A situação nas “tendas de Gaza” é desumana, lamentou.

Na homilia da Missa do Galo, celebrada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, Leão XIV destacou a fragilidade das populações civis afetadas por guerras. “Frágil é a carne das populações indefesas, provadas por tantas guerras em curso ou concluídas, deixando escombros e feridas abertas. Frágeis são as mentes e as vidas de jovens obrigados a pegar em armas, que percebem na frente de batalha a insensatez do que lhes é exigido e a mentira de que estão embebidos os discursos inflamados daqueles que os enviam para a morte”, declarou.

Durante a mensagem “Urbi et Orbi” (“à cidade e ao mundo”), também usou a mensagem de Natal, como líder da Igreja Católica, para rezar pela paz entre Rússia e Ucrânia: que cessem “o estrondo das armas e para que as partes envolvidas, com o apoio da comunidade internacional, encontrem a coragem para dialogar de maneira sincera, direta e respeitosa”. As negociações diretas mais recentes ocorreram há seis meses e não resultaram em trégua, pois, alimentada com bilhões de euros em armamentos e assessores, a Ucrânia persiste na continuidade do confronto.

JESUS DIANTE DA “TENDA FRÁGIL”

Leão XIV comparou a encarnação de Jesus a “uma tenda frágil entre nós” e questionou como não pensar nos refugiados. “Se ele realmente se colocasse no sofrimento alheio e se solidarizasse com os fracos e oprimidos, então o mundo mudaria”, disse. “Ao se fazer homem, Jesus assumiu nossa fragilidade, identificando-se com cada um de nós: com aqueles que nada têm e perderam tudo, como os habitantes de Gaza; com aqueles que são vítimas da fome e da pobreza, como o povo iemenita; com aqueles que fogem de sua terra natal em busca de um futuro em outro lugar, como os muitos refugiados e migrantes que atravessam o Mediterrâneo ou percorrem o continente americano”.

“Haverá paz quando nossos monólogos forem interrompidos e, enriquecidos pela escuta, nos ajoelharmos diante da humanidade do outro”, assinalou.

“Que o menino Jesus inspire aqueles que têm responsabilidades políticas na América Latina para que, ao enfrentar os numerosos desafios, tenham espaço ao diálogo pelo bem comum e não às exclusões ideológicas e partidárias”, declarou após a missa.

O único país citado nominalmente foi o Haiti, para o qual Leão XIV defendeu o fim de “toda forma de violência e que possa avançar pelo caminho da paz e da reconciliação”.

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