Apoio de Israel ao separatismo na Somália tem repúdio mundial

Somalis protestam contra a ingerência israelense (Independent)

Presidente da Somália denuncia que Israel quer usar território da Somalilândia para deportação massiva de palestinos

A China manifestou forte oposição a qualquer tentativa de dividir territórios na Somália, afirmou o Ministério das Relações Exteriores em Pequim nesta segunda-feira, três dias depois de Israel se tornar o primeiro país a reconhecer formalmente a autoproclamada República da Somalilândia como um Estado independente. O porta-voz da chancelaria chinesa declarou que, de acordo com o direito internacional e a Carta das Nações Unidas, a Somalilândia é parte integrante do território somali e instou as autoridades dessa região a cessarem as atividades separatistas e a conivência com forças externas. 

“A China expressa sua profunda preocupação e firme oposição a esta medida. A China observou que o Governo Federal da Somália emitiu imediatamente uma declaração rejeitando categoricamente a medida, e que organizações regionais como a União Africana (UA), a Liga Árabe, o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), a Organização de Cooperação Islâmica (OCI) e a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), bem como numerosos países em desenvolvimento, também expressaram forte insatisfação e condenação”, afirmou o porta-voz do ministério, Lin Jian, a repórteres em uma coletiva de imprensa regular, referindo-se à atitude israelense.

“A questão da Somalilândia é inteiramente um assunto interno da Somália e deve ser resolvida pelo povo somali de maneira compatível com suas circunstâncias nacionais e sua Constituição. Países de fora da região devem cessar sua interferência indevida, e nenhum país deve incitar ou apoiar forças separatistas em outros países para seus próprios interesses egoístas. Instamos as autoridades da Somalilândia a compreenderem claramente a situação e a cessarem imediatamente as suas atividades separatistas e a sua conivência com forças externas”, concluiu Lin Jian.

CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU REJEITA INTERFERÊNCIA

A Rússia também expressou firme oposição a qualquer tentativa de minar a integridade territorial e a soberania da Somália. Essa posição foi reafirmada publicamente em uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) em dezembro de 2025. 

Representantes russos no CSNU declararam que a interferência externa nos assuntos internos da Somália é inaceitável e que as disputas internas devem ser resolvidas por meio de um diálogo nacional inclusivo.

Moscou alertou que ações que ameacem a coesão da Somália, como o recente reconhecimento da Somalilândia por Israel, podem agravar as tensões na região conhecida como Chifre da África e prejudicar os esforços contra grupos terroristas como o Al-Shabaab.

A Rússia alinha-se assim a outros membros do Conselho de Segurança e à União Africana na defesa da inviolabilidade das fronteiras da Somália internacionalmente reconhecidas. 

O Ministério das Relações Exteriores da África do Sul instou, na segunda-feira (29), a comunidade internacional a “rejeitar essa interferência externa e apoiar uma Somália unida e estável”.

Depois de declarar o reconhecimento à região separatista, Israel afirmou que buscará cooperação imediata com a Somalilândia nas áreas de agricultura, saúde, tecnologia e economia. Analistas sugerem que o reconhecimento visa garantir a Tel Aviv acesso estratégico ao Estreito de Bab al-Mandeb, uma importante rota comercial no Mar Vermelho, e se contrapor à influência do Irã na região. 

ISRAEL QUER CRIAR BANTUSTÃO PALESTINO NA SOMALILÂNDIA

O presidente da Somália, Hassan Sheikh Mahmoud denunciou a intervenção de Israel, destacando que negocia com os separatistas da Somalilândia para reintegrar a região ao país africano por meios pacíficos.

Segundo o presidente somali, o reconhecimento da República da Somalilândia por Israel dificulta a reintegração do país e , vem junto com três condições inaceitáveis: autorização para que Israel construa uma base militar aí que estará na Costa do Golfo de Aden, a autorização para que Israel deporte palestinos de Gaza para o denominado Chifre da África e ainda o reconhecimento dos “Acordos de Abraão” que simplesmente é um apoio à anexação da Cisjordânia ao Estado da ocupação, uma depravada negação dos direitos inalienáveis do povo palestino.

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