O ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (MDB/AL), que articula sua candidatura para voltar à presidência da Casa em 2019, é alvo de mais uma investigação da Polícia Federal, com base em informações repassadas por instituições financeiras da Suíça.
Uma força-tarefa rastreou depósitos de US$ 3 milhões feitos por lobistas em contas bancárias naquele país, que os investigadores apontam ser parte de um acerto de propina com políticos do MDB do Senado em troca de contratos na Petrobrás. Segundo a PF, a propina passou por duas contas controladas pelo empresário Walter Faria, dono da cervejaria Itaipava (Grupo Petrópolis), que repassava a quantia ao senador e ao MDB.
O relatório final da investigação, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 6 de setembro, traz detalhes sobre a engenharia financeira montada para pagar a propina e enquadra Renan Calheiros e outros senadores no crime de corrupção passiva.
De acordo com as investigações, o esquema envolvendo o senador aponta que o MDB recebeu “comissões” de contratos da Diretoria Internacional da Petrobrás, comandada por Nestor Cerveró, apadrinhado do partido.
Cerveró relatou em seu acordo de colaboração premiada que, em 2006, acertou com a Samsung Heavy Industries a aquisição de dois navios-sonda pela Petrobrás, no valor de US$ 1,2 bilhão, em troca de propina. O acerto foi que US$ 6 milhões em propina fossem para Renan, o senador Jader Barbalho (MDB-PA) e o ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau.
A força-tarefa também apontou indícios de envolvimento do deputado federal Aníbal Gomes (MDB/CE) e de seu ex-assessor Luís Carlos Batista Sá. Os repasses de propina foram operados pelos lobistas Júlio Camargo e Jorge Luz. Ambos admitiram sua participação. Luz confessou à PF que recebia de Batista Sá a indicação das contas para onde deveria repassar a propina destinada aos políticos.
A PF recebeu do próprio Walter Faria, do Grupo Petrópolis, e dos lobistas toda a documentação relacionada às transferências dos cerca de US$ 3 milhões para a Suíça. O dono da cervejaria emprestava contas para doleiros depositarem os recursos, em troca de receberem os valores em reais no Brasil – a chamada operação “dólar-cabo”.
O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF, encaminhou o material à Procuradoria-Geral da República (PGR), que está analisando se apresenta denúncia contra Calheiros e os demais investigados. Em relação a Jader, a PF considerou as provas insuficientes. Os demais negam as acusações.