A Unesco saudou a apresentação conjunta, pelas duas partes da Coreia, da candidatura de uma luta tradicional coreana ao Patrimônio Imaterial da Humanidade, iniciativa que reforça o empenho de Pyongyang e Seul pela reconciliação e paz na milenar nação.
A diretora-geral da organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Audrey Azoulay, considerou a candidatura conjunta “um passo histórico no caminho para a reconciliação intercoreana e nos recorda o poder extraordinário do patrimônio cultural como vetor da paz e ponte de união entre os povos”.
A “Sssirum”, como é chamada no Norte, ou “Ssireum”, no Sul [na grafia em caracteres latinos], é uma luta tradicional com um profundo significado para o povo coreano, vinculada fundamentalmente à terra e à agricultura.
Apesar dos setenta anos de separação forçada, nas duas partes da península coreana continua sendo um esporte nacional e uma prática cultural muito popular, com competições em eventos e festivais agrícolas.
Como notou Azoulay, a unificação das candidaturas pelas duas partes da Coreia “não tem precedentes”, com propostas anteriores sendo apresentadas separadamente pelo Norte e pelo Sul, mesmo no caso da “Arirang”, a canção que representa a nação coreana. O comitê da Unesco que cuida da preservação do patrimônio imaterial cultural da humanidade se reúne até sábado em Port-Louis, nas Ilhas Maurício.
A fusão das candidaturas foi alcançada com mediação da Unesco, após contatos com Seul e Pyongyang. Azoulay se reuniu em outubro em Paris com o presidente do Sul, Moon Jae-in e a Unesco também fez intercâmbio semelhante com o Norte, conforme comunicado.
A Unesco afirmou que “continuará a trabalhar em prol da reconciliação da península da Coreia”, através de projetos em colaboração com os dois governos, “que incidam na área de educação, cultura e ciência, bases essenciais da paz duradoura”.
A Unesco já está apoiando outro projeto intercoreano muito importante – a redação de um dicionário etimológico coreano que identifica as práticas lingüísticas no Norte e no Sul, que sofreram diferenciações em decorrência da separação de setenta anos. Outra proposta em análise é a criação de uma Reserva da Biosfera na Zona Desmilitarizada entre o Norte e o Sul.