“Basta olhar à nossa volta para percebermos que muita gente está contra esta visita ao nosso país”, afirmou o professor universitário, Tarek Kahlaoui, um dos organizadores do protesto contra a presença do príncipe herdeiro do trono saudita, Bin Salman, em Túnis. “Penso”, prosseguiu o professor, “que a campanha midiática que tenta limpar sua reputação acabou alcançando mais repúdio”.
A Tunísia foi o primeiro dos países, na história recente dos países árabes, a presenciar uma rebelião popular contra um regime autoritário e os organizadores do protesto entendem como um acinte a passagem pela capital da Tunísia de um monarca que comanda o maior massacre deste novo século, contra um outro povo árabe, o iemenita.
A marcha de milhares tomou a Avenida Habib Bourguiba, no dia 27, com manifestantes entoando palavras de ordem tais como “Fora assassino de crianças iemenitas” e “Salman não é bem-vindo na Tunísia”.
Soukaina Abdessamad, presidente da União dos Jornalistas, declarou que “a revolução tunisiana não pode concordar em permitir que ele seja inocentado dos crimes. Vamos realizar protestos sim”.
Durante o protesto, cartazes com fotos de iemenitas sofrendo com a agressão, outros com fotos de serras de ossos [numa referência ao instrumento usado para desmembrar o jornalista Jamal Khashoggi em Istambul]. Diversos manifestantes desfilaram usando panos de bordados em preto e branco – o mesmo usado por Arafat – em solidariedade aos palestinos e em repúdio à aproximação da dinastia saudita de Israel.
A sede da Associação Tunisiana das Mulheres Democráticas também colocou um cartaz na fachada de sua sede com a foto de Salman riscada com um x e os dizeres: “Chicoteador de mulheres aqui não”.