Êta povo insensível e ingrato com seus governantes! Ou será que ele não sente os efeitos da “recuperação da economia” e da “criação de 1 milhão de empregos” porque ambas não existem?
Quando se pensa que o ministro Henrique Meirelles acha que o Brasil vai tão mal que é preciso reduzir o aumento do salário mínimo de R$ 969,00 para R$ R$ 965,00, economizando quatro reais para que o país não quebre, comete-se um erro.
É triste dizer isso de um ministro da Fazenda, mas o que ele quer mesmo é manter o país no buraco, assim fica mais fácil inventar histórias para assaltar trabalhadores, aposentados, classe média e empresariado produtivo, transferindo o resultado da pilhagem para os que de muito gordos já não conseguem andar.
Na semana passada, o guru de Lula e Temer afirmou que, apesar da população ainda não estar sentindo os efeitos da “recuperação da economia”, neste ano “o governo criou 1 milhão de empregos”.
Ocorre que esse número de “1 milhão de empregos”, marquetado pelo Sr. Meirelles, é pura vigarice. Os governos Dilma e Temer, com sua adesão completa ao entreguismo neoliberal, a velha política de FHC, jogaram o país numa profunda depressão econômica que fechou 7 milhões de postos de trabalho, em 2015 e 2016. No sufoco em que o povo se encontra, seria impossível passar-lhe despercebida a criação de 1 milhão de empregos em 9 meses de 2017.
O povo não sente os efeitos da “recuperação da economia” e da “criação de 1 milhão de empregos” porque elas não existem.
No Brasil, o total de empregados com carteira assinada está por volta de 33,3 milhões. Isso equivale à soma de empregados sem carteira mais trabalhadores por conta própria (33,9 milhões). Curiosamente, qualquer biscateiro que tenha trabalhado uma hora durante a semana da pesquisa (apenas uma hora!) é incluído na coluna dos “ocupados”. Esse método, ainda que tal não seja a intenção dos pesquisadores, oferece variadas possibilidades para que o número de “ocupados” seja inflado por supostos trabalhadores por conta própria que na verdade não passam de desempregados funcionais.
Consultando o cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho é possível verificar que foi o que ocorreu nas contas do Sr. Meirelles.
Em 2017 foram criados, até o final de setembro, 208 mil empregos com carteira assinada, um resultado pífio, este sim irrelevante e imperceptível. Para que se chegasse a 1 milhão seria necessário ter criado o quádruplo, 800 mil empregos, para trabalhadores por conta própria e empregados sem carteira, coisa que nunca ocorreu e está a anos luz do padrão de paridade em relação aos empregos com carteira assinada.
O emprego parou de cair mas segue num nível tão baixo que não é possível falar em recuperação. O quadro é de depressão. Uma depressão tenebrosa que o governo utiliza como instrumento para transferir renda de quem tem pouco aos que têm de sobra.
Para quem perdeu 7 milhões de empregos, reaver 400 mil em nove meses não é nada. Inflando esse número, Meirelles diz que “se a reforma da previdência não for aprovada a recuperação da economia e do emprego, promovida pelo governo, vai se perder”. O povo não acredita. Mas não é ao povo que ele está procurando agradar. É ao Congresso, onde deputados e senadores, brindados com as benesses advindas do assalto à Petrobrás, BNDES, Cai xa Econômica etc., sonham com o assalto dos assaltos ao caixa da Previdência. Não são todos, é verdade, mas são muitos, pode-se dizer que a maioria, ainda que não seja de três quintos.
E por falar em Meirelles, nunca é demais lembrar que, depois de uma carreira no setor financeiro internacional, ele comprou, em 2002, um mandato de deputado federal pelo PSDB de Goiás para proteger-se das denúncias de corrupção que vieram à tona durante a apuração do caso Banestado. Depois, no Banco Central, funcionou como avalista da ligação de Lula com a banda podre do empresariado. Nos últimos anos, antes de assumir o ministério era uma espécie de síndico do condomínio que os Irmãos Batista mantinham com Lula, Temer e Aécio na JBS.
SÉRGIO RUBENS